Chapecoense: um nome para a história.
O futebol não esquece; o futebol não esquecerá!
Mês após mês, clubes, jornais, grupos de adeptos, meros particulares, surgem com novas ideias de forma a auxiliarem os familiares das vítimas daquele voo fatídico que deveria ter chegado a Medellín.
Foi pena que a federação brasileira não tenha autorizado a equipa da Chapecoense a disputar a Eusébio Cup, em Lisboa, neste mês. É verdade que a Eusébio Cup tem como principal motivação trazer ao Estádio da Luz – por acaso, na época passada disputou-se em Monterrey – clubes que marcaram momentos da vida de Eusébio. Ainda assim.
Mais uma vez: solidariedade acima dos interesses comerciais e de marketing.
A medida das camisolas assinadas não é de hoje, entenda-se. Já vem de trás.
Basicamente: clubes oferecem as suas camisolas oficiais assinadas ou por toda a equipa ou por alguns dos seus jogadores de maior nomeada ao Chapecoense e os dirigentes do clube procedem ao seu leilão de forma a obterem verbas que se destinam, em seguida, às famílias daqueles que pereceram no avião maldito da LaMia.
Esta semana, um carregamento de camisolas de clubes da América do Sul e Central chegaram a Chapecó, no Estado de Santa Catarina: Atlético Tucumán, Córdoba, Sarmiento, Talleres, Central Argentino, San Lorenzo, Arsenal, Racing Club, Temperley, River Plate, Boca Juniors e Banfield, todos da Argentina, e Deportivo Cali e Millonarios (Colômbia).
O Atlético Tucumán, por exemplo, decidiu enviar três camisolas. A primeira, assinada por todo o plantel, e as outras duas pelo guarda-redes, Cristian Lucchetti: “A la familia de Chapecó, con affecto” e “Con mucho amor!”.
Do México chegou, entretanto, a camisola do Santos Laguna.
Marca
A iniciativa destas ofertas à Chapecoense, que viu perecerem 19 jogadores no dia 29 de novembro de 2016, partiu inicialmente do jornal desportivo madrileno “Marca” e de um site brasileiro, bazarsports.com. Mesmo antes de iniciarem contactos com todos os clubes do mundo que possam estar interessados neste programa de solidariedade, foi-se sensibilizando um grande número de particulares que, por sua autoiniciativa, foram colaborando à medida das suas capacidades.
Tornou-se um êxito.
Uma das primeiras grandes ofertas veio da Europa: 15 jogadores, das mais diversas equipas, alinharam no movimento. E fizeram-no de forma absolutamente particular.
Momento igualmente emotivo aquele em que um representante do jornal espanhol entregou em mãos ao presidente Plínio Filho, na Arena Condá, todas as camisolas de todos os clubes da Primeira Liga Espanhola assinadas por todos os jogadores.
Já uns meses antes, a empresa Netshoes tinha tomado para si a responsabilidade de vender num leilão online 2500 camisolas da Chapecoense, a um preço unitário de 200 reais. Foram necessárias apenas 24 horas para que o stock se esgotasse por completo e o clube recebeu mais de um milhão de reais.
O tempo pode ter passado, entretanto, pela tragédia de Monte Gordo, mas a guarda do acompanhamento aos familiares das vítimas não baixou. 2017 é o ano da reconstrução de um clube dizimado. Que não vira a cara à luta, como diz o seu presidente: “Nosso time será de jogadores valentes e guerreiros. Só podemos homenagear os que nos deixaram à custa de muito trabalho. Nunca, mas nunca, poderemos esquecer o nome daqueles guerreiros valorosos que nos trouxeram até onde estamos hoje.”
Vai-se batendo, bravamente, ali pela metade da tabela do Brasileirão. Mesmo que ainda marcado por um luto difícil de esquecer.