Quem é o campeão mais supersticioso e com mais tiques? Talvez Rafael Nadal, mas Novak Djokovic também tem a sua dose de crendices e não me parece que tenha sido um simples acaso que o levou a anunciar a sua retirada do ténis durante seis meses exatamente no mesmo dia, um ano depois, de Roger Federer ter feito o mesmo em 2016.
Federer parou seis meses após Wimbledon 2016, devido a um joelho magoado, que implicou cirurgia, regressou em janeiro de 2017 à competição para vencer no Open da Austrália o seu primeiro Major desde 2012, tendo-lhe juntado há duas semanas o seu 19.º título do Grand Slam em Wimbledon.
Tudo isto aos 35 anos. E se no início desta época o suíço tinha caído para o 17.º lugar do ranking mundial, passou entretanto a ser o principal candidato – juntamente com Rafael Nadal – a terminar a época na liderança do ATP World Tour, o que seria um feito histórico!
Rafael Nadal também teve várias paragens forçadas na sua carreira por lesão, sendo a mais famosa a de 2012, igualmente devido ao joelho esquerdo, que sofreu tratamentos revolucionários, incluindo injeções de plasma.
Não jogou mais depois de Wimbledon 2012, só regressou em fevereiro de 2013, uma pausa de sete meses, que o fez tombar para n.º 5 do ranking, mas no final desse ano já era de novo n.º 1 com vitórias em 10 torneios, incluindo Roland Garros e o US Open.
Foi exatamente em 2013, quando Nadal regressava em força, que Andy Murray se lesionou nas costas em maio. Continuou a jogar e ganhou Wimbledon, mas teve de ser operado em setembro e não competiu entre setembro de 2013 e o início da temporada de 2014. Um ano depois da operação, em setembro de 2014, tinha escorregado para o 12.º posto do ranking, mas terminou 2016 como n.º 1 com nove triunfos em torneios, incluindo Wimbledon, os Jogos Olímpicos e o Masters.
Este relatório algo maçudo é importante para que se perceba que no ténis a chamada ‘ida para o estaleiro’, não sendo agradável, não é fatal nem encerra a carreira dos jogadores, mesmo trintões como Nole, desde que as lesões não sejam demasiado graves.
É o caso do cotovelo de Djokovic, que o incomoda há cerca de um ano e meio e que embora não obrigue a uma cirurgia, exige uma paragem total durante largos meses.
O sérvio que há um ano era o indiscutível n.º 1 mundial vai provavelmente iniciar a temporada de 2018 fora do top-10. Está a navegar em águas virgens, dado ser o único membro do ‘Big Four’ que nunca viveu esta experiência negativa, mas, atenção, também ele poderá voltar mais forte do que nunca.