Parecia uma maluquinha para a frente e para trás numa das plataformas da estação de Santa Apolónia à procura de viajantes que me contassem a sua história. Vi um casal de turistas ao fundo, apressei o passo para os alcançar, mas perdi-os na entrada para o metro.
Decidi tentar a minha sorte na zona mais próxima das bilheteiras, pois não me parecia que estivessem comboios a chegar. Andei um bocadinho até ao início da plataforma e vi-as.
Estavam as duas sentadas num banco a falar, pelo que tive de interromper a conversa, mas eram muito simpáticas e disseram logo que vinham de França e tinham chegado no dia anterior. Ajoelhei-me no chão para que ficássemos à mesma altura e tirei o bloco de notas e a caneta da carteira.
Louise, de 25 anos, e Nida, de 36, são professoras do ensino básico no centro de França. Vieram para umas merecidas férias em Lisboa, e não podiam estar mais encantadas.
“Os portugueses são muito hospitaleiros, quase todos falam inglês e muitos também falam francês, a comunicação é muito fácil”, disse Nida. Comentei que os turistas franceses começaram agora a redescobrir o potencial de Lisboa e de Portugal, e que agora são uma das nacionalidades que mais visitam o nosso país.
Louise confirmou: “Ontem estávamos em Alfama e só ouvíamos falar francês, parecia que estávamos em casa.” Ri-me e perguntei-lhes, além de Alfama, onde já tinham ido. Contaram-me que andaram pelo Bairro Alto e que foram ver o Castelo de São Jorge. Agora iam visitar o Palácio dos Marqueses de Fronteira, em Benfica.
Mas também querem conhecer Cascais, Sintra e Belém antes de regressarem a casa. Outra das coisas que são obrigatórias antes de deixar Portugal é “provar o “frrango pirripírri”. Sorri e fiquei a pensar se deveria dizer que o prato de que falavam se chama antes frango no churrasco e que não é propriamente a refeição mais típica. Não disse nada e preferi perguntar-lhes do que gostaram mais daquilo que já tinham provado. Responderam sem hesitação: “O peixe e o marisco são fantásticos.” Ainda me pediram uma sugestão de marisqueira, pelo que escrevi o nome num papel e expliquei no mapa onde fica um dos sítios com as melhores amêijoas da capital.
Preparei-me para lhes tirar a fotografia quando apareceu um homem visivelmente bêbado, balbuciou qualquer coisa e quase caiu para cima de nós. Louise e Nida encolheram-se no banco com algum receio, mas o homem voltou a ganhar equilíbrio e seguiu o seu caminho. Lá consegui a desejada fotografia e também nós aproveitámos para fazer as despedidas.