Valentina Sampaio, 22 anos, um rosto que faz saltar o coração da gaiola do maior preconceito. Lá está ela, brasileira, uma figura que pode abrir o espaço da excepção, pavimentando o caminho para que o desejo não saiba situar-se entre fronteiras nem tenha grandes complexos. A indústria da moda já se rendeu. E à medida que as barreiras vão caindo é o preconceito que fica com vergonha. Recentemente, Emmanuele Alt, directora editorial da versão francesa da Vogue, disse que Sampaio tem qualidade artísticas e pessoais únicas, e que nenhum desafio a intimida.
A carreira da modelo colheu as penas e fez as próprias asas enquanto ela estudava moda ainda no Brasil. Com mais de 76 mil seguidores no Instagram, hoje é um dos nomes mais esperados para o próximo desfile da Victoria’s Secret. Se confirmado, será um marco para o mundo da moda, já que a marca, que comanda as tendências e dita as maiores aspirações do desejo, pode chamar Sampaio e deixá-la desfilar alargando o horizonte de possibilidades para a comunidade trans.
Sampaio não é, no entanto, a primeira modelo trans a desfilar nas passarelas. A britânica April Ashley foi uma das pioneiras. Ashley teve uma carreira profícua nos anos 1960 até que os tablóides divulgaram o segredo sobre a sua sexualidade. Mas o tempo tem feito o seu trabalho, e hoje a questão é vista de outra forma. A modelo brasileira, não só não precisa esconder o seu passado, este tem-lhe sido útil na sua revolução nas passarelas.