Turismo. Castelo de São Jorge é o monumento mais visitado do país

No ano passado, o monumento recebeu quase cinco mil visitantes por dia. E a tendência – neste e noutros casos – é para continuar a crescer

Nem tudo o que parece é, lá diz a máxima vinda do colo, tantas vezes – quase sempre, aliás – certo, da sabedoria popular. Neste caso, é o contrário – tudo o que parece é. O tudo são as centenas de milhares de turistas e uns quantos locais (que é como quem diz portugueses) que, todos os dias, sobem e descem uma das colinas de Lisboa, aquela em que Carlos do Carmo põe o cotovelo. O destino do carreiro é mais do que sabido e conhecido: o Castelo de São Jorge, nada mais nada menos do que o monumento mais visitado no país. Com perto de cinco mil entradas diárias, 2016 foi o ano em que o Castelo de São Jorge bateu o recorde de visitas. A antiga residência real pode ser a primeira da lista, mas – e dado o aumento do volume de turismo – os números nunca antes vistos foram cromo repetido noutros exemplares de património edificado no país. Vamos a nomes e a números.

Segundo dados da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e da EGEAC, no ano passado, o Castelo de S. Jorge recebeu a nada módica quantia de 1 777 408 visitantes. Já o segundo lugar do ranking cabe ao Palácio Nacional da Pena, em Sintra – vila que já é, só por si, um círculo no mapa nas mãos dos muitos que chegam ao país. Voltamos a Lisboa, a Belém, para encontrar o terceiro monumento mais visitado: o Mosteiro dos Jerónimos que, sob a tutela da DGPC, recebeu 1 080 902 visitas.

Os três monumentos mais procurados do país já fixaram uma fasquia acima de um milhão de visitas e, caso a tendência de crescimento que se regista desde pelo menos 2010 se mantenha este ano, serão batidos novos recordes. Entre 2015 e 2016, a título de exemplo, o Castelo de São Jorge subiu em 13% (203 668) o número de visitantes, já que em 2015 tinha recebido 1 569 740 pessoas. Os cerca de 1,8 milhões de visitantes do ano passado são, na sua maioria (94%), estrangeiros, lê-se no relatório de contas da EGEAC de 2016. Segundo a entidade responsável pelo monumento, houve 106 888 portugueses a visitar o local, o que corresponde a 6%. Além disso, “a taxa de captação do turismo estrangeiro na Área Metropolitana de Lisboa é de 43%”, revela o mesmo documento. Ou seja, quase metade dos turistas que calcorreiam as ruas da capital escolhem fazer uma paragem neste local.

É muito provável que, a julgar pelo aumento do turismo, as filas em torno do local façam com que os números deste ano alcancem novamente um patamar sem precedentes. Além do interesse natural despertado por uma das mais antigas residências régias da cidade, o Castelo de São Jorge é também palco de eventos – por exemplo, todos os sábados de agosto há “Sábados no Castelo – Pessoas do Lado de Lá”, um espetáculo com cheiro de circo em que se cruzam músicas e danças sul-americanas.

Clérigos

Se o Castelo de São Jorge continua a ser o campeão, o crescimento é ponto de toque comum à esmagadora maioria dos palácios, museus e monumentos do país. No Porto, a Torre dos Clérigos também quebrou, no ano passado, o seu próprio recorde.

Segundo a Irmandade dos Clérigos, a Torre e Igreja dos Clérigos receberam 625 mil visitantes – mais 25% do que em 2015 –, “um recorde absoluto”. Neste caso são também os estrangeiros a engrossar maioritariamente as estatísticas, com 85% face a 15% de visitantes nacionais.

No panorama nacional, à frente dos Clérigos ficaram apenas a Torre de Belém – com 685 694 entradas – e a Quinta da Regaleira, em Sintra, visitada por 647 917 pessoas.

Museu Nacional do Traje

As notícias são, portanto, bastante positivas para o património edificado do país, mas de acordo com os dados da DGPC há dois espaços sob sua tutela que, desde 2011, têm uma taxa de crescimento negativa: o Museu Nacional do Traje e o Museu Monográfico de Conímbriga. Entre 2015 e 2016, o Museu Nacional do Traje, instalado no Palácio Angeja-Palmela, em Lisboa, até conseguiu crescer 0,1%, mas as perdas de anos anteriores – nomeadamente entre 2011, em que chegou a ter 47 507 visitantes, e 2013, em que se ficou pelos 40 195 – fazem com que a taxa de decréscimo se situe nos 6,2%. E é exatamente esse o valor registado no Museu Monográfico de Conímbriga, que em 2012 recebeu 101 901 pessoas e, no ano seguinte, apenas 74 339. No ano passado, o número subiu para 91 797 entradas, mas estes espaços continuam a ser dois exemplos que contrariam a tendência no país. Uma situação que pode ser revertida este ano – 2017 o dirá.