A morte chocante de Heather Heyer, no passado sábado, em Charlottesville – a ativista de direitos civis de 32 anos foi a única vítima mortal do incidente provocado pelo jovem que conduziu o seu carro contra uma multidão que protestava contra a presença de neonazis naquela localidade da Virgínia – veio engrossar ainda mais a triste lista dos que perderam a vida nos Estados Unidos devido a ataques terroristas levados a cabo por elementos com ligações à extrema-direita.
Ao contrário dos que veem e apregoam, por exemplo, que o fundamentalismo islâmico representa a maior ameaça terrorista em solo americano – uma das principais bandeiras da direita racista do país e uma das justificações da administração Trump para limitar a entrada no país de cidadãos oriundos de países muçulmanos –, é em incidentes relacionados com o movimento supremacista branco norte–americano que se verificam os números mais preocupantes.
De acordo com um estudo revelado há pouco mais de um mês pela organização The Nation Institute, dos 201 ataques de cariz terrorista verificados nos EUA entre 2008 e 2016, 115 foram liderados por elementos da extrema-direita americana e resultaram na morte de 79 pessoas.
A Southern Poverty Law Center apresenta números igualmente inquietantes. Aquela ONG fez um levantamento de todos os ataques levados a cabo por “obsessões raciais”, “paranoias conspirativas contra o governo” e “crenças em movimentos supremacistas brancos” e concluiu que, desde o célebre atentado de 1995, em Oklahoma City, que resultou na morte de 168 pessoas, já se verificaram, em solo americano, 35 ataques que resultaram diretamente na morte de pessoas.
Já o movimento antifascista Antifa International refere que, nos primeiros oito meses de 2017, contabilizaram-se 12 tiroteios, 11 esfaqueamentos, cinco espancamentos, um ataque com ácido e mais de 40 mil ameaças de bomba com origem nos movimentos supremacistas brancos.
A catalogação da tragédia em Charlottesville como um ato terrorista doméstico foi feita pelo procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, e aceite pelo presidente Donald Trump na hora de condenar o crime contra Heyer.