As Ramblas de Barcelona foram ontem à tarde palco de um violento ataque, que foi prontamente tratado pelas autoridades espanholas como tratando-se de um atentado terrorista, e que provocou a morte a pelo menos 13 pessoas. Um carrinha branca acelerou a fundo contra a multidão que se encontrava naquela turística zona da cidade e durante os cerca de 600 longos metros que separam a Praça da Catalunha do teatro Liceu, levou tudo e todos à frente, antes de se pôr em fuga.
Ao número de mortos confirmados à hora de fecho desta edição, somam-se mais de uma centena de feridos, 15 deles em estado grave, numa contabilização que tanto os Mossos d’Esquadra como a Generalitat da Catalunha acreditam que poderá vir a aumentar durante as próximas horas ou dias.
“Caminhávamos para as Ramblas quando vimos uma carrinha branca a atropelar as pessoas”, contou um turista belga ao “El País”. “Vimos ciclistas a saltar pelos ares, pessoas pelos ares. Foi aterrador”, acrescentou.
A polícia catalã ativou rapidamente o “dispositivo previsto para casos de atentado consumado” e deu-se início a uma verdadeira caça ao homem, tendo sido lançados vários apelos a favor da não divulgação de fotografias, vídeos ou simples rumores da operação pelas redes sociais.
Dois suspeitos foram detidos nas primeiras horas que se seguiram ao atropelamento, incluindo Driss Oukabir, cuja fotografia foi divulgada pelas autoridades. O suspeito foi intercetado na localidade de Santa Perpetua de la Mogada, nos arredores da cidade, e foi identificado como o responsável pelo aluguer da carrinha utilizada para o ataque.
De acordo com fontes da polícia, um terceiro suspeito terá sido abatido a tiro em Sant Just Desvern, a cerca de 10 quilómetros do local, depois de fugido a um controlo policial e de ter ferido dois agentes.
Para além da carrinha que semeou o terror pelas Ramblas, terá sido utilizado um segundo veículo no atentado, entretanto intercetado na zona de Vic, que serviria para transportar os alegados autores dos crimes.
Poucas horas depois da tragédia o grupo terrorista Estado Islâmico ou Daesh emitiu um comunicado através da sua agência noticiosa e de propaganda jihadista, a Amaq, reivindicando a autoria do atentado.
O ataque motivou naturalmente reações dos líderes políticos de todo o mundo. O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy garantiu que “os terroristas nunca derrotarão um povo unido” e o rei Felipe VI afirmou que “toda a Espanha é Barcelona”. Já Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa enviaram uma mensagem ao executivo espanhol a “condenar o atentado” e a manifestar “solidariedade” para com as vítimas. Outras figuras de proa da política europeia, como Jean-Claude Juncker, Emmanuel Macron, Donald Tusk ou Theresa May juntaram-se na condenação do ataque nas Ramblas e o presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu que os EUA irão “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar” Espanha no combate ao terrorismo.
O modus operandi dos atacantes de Barcelona tem sido cada vez mais comum em atentados em território europeu. Só no último ano contabilizam-se oito ataques terroristas por atropelamento, incluindo os de Nice, Berlim, Londres e Estocolmo.
O atentado de ontem é o mais grave incidente do género em território espanhol desde as violentas explosões na estação de comboios de Atocha, em Madrid, que mataram 192 pessoas e feriram mais de 2 mil, em março de 2004. Já em Barcelona, desde 1987 que não se vivia um ataque de características semelhantes. Em junho desse ano, 21 pessoas morreram e 45 ficaram feridas na cidade condal, vítimas de um ataque bombista levado a cabo pelos separatistas bascos da ETA.