O Eliseu anunciou esta segunda-feira que Brigitte Macron não vai ser de facto a “primeira dama” que o marido, Emmanuel, desejava, e que em vez disso vai assumir uma série de encargos ligados à “sociedade civil, nos campos das pessoas com deficiência, da educação, saúde,cultura, proteção das crianças e da igualdade entre homens e mulheres”.
É a primeira vez que a mulher de um presidente francês tem encargos definidos, aproximando-a da prática americana, em que as primeiras-damas têm a seu cargo várias iniciativas, na sua maioria de cariz social.
Macron prometera esclarecer o papel da sua mulher no Eliseu assim que se viu forçado a recuar no projeto de alterar a lei – e possivelmente a própria Constituição – para criar o cargo de “primeira dama”.
Um abaixo-assinado com mais de 300 mil nomes dissuadiu-o e o “documento de transparência” publicado esta segunda-feira desanuvia os ares: a “esposa do chefe de Estado” não vai ter orçamento próprio, não vai receber um salário e as suas despesas sairão dos fundos já alocados à presidência. Vai ter, isso sim, dois conselheiros, um gabinete e um secretariado.
O documento esclarece que o estatuto concedido à mulher do presidente nada tem que ver com “estatuto jurídico, mas um compromisso, apenas válido para Brigitte Macron e para a duração do mandato de Emmanuel Macron, e que não comprometerá os seus sucessores ou seus cônjuges”.
Ou seja: um estatuto que transforma Brigitte numa “primeira dama” informal e simultaneamente pretende pôr fim às queixas da France Insoumise, por exemplo, que contesta o facto de a mulher de um presidente ter uma ocupação de governo, apesar de não ter sido eleita.
A polémica em torno de Brigitte foi um duro golpe à aura reformista e independente de Macron, que lida com acusações de monopolização de poder e que durante a campanha afirmou que os políticos franceses não devem contratar familiares – atirando ao escândalo que atingia por esses dias François Fillon, que contratou mulher e filhos para cargos que parecem não ter nunca desempenhado.