Michel Temer decidiu devolver o favor à bancada ruralista do Congresso Nacional, que o ajudou na rejeição da abertura de um inquérito às alegadas práticas de corrupção, e autorizou, na noite de quarta-feira, a exploração mineira numa área de 46 mil quilómetros quadrados na Amazónia, onde habitam duas tribos indígenas e se contam sete zonas de proteção ecológica.
A luz verde dada pelo Presidente do Brasil, que consiste numa desclassificação daquela área do estatuto de ‘reserva ambiental’, permitirá às grandes empresas de extração mineira, nacionais e internacionais, explorarem as reservas de ouro, cobre e ferro ali existentes.
Embora Temer garanta que o impacto da exploração no ambiente e na presença de populações indígenas naquela área vai ser estudado ao pormenor, a fim de garantir a sua máxima proteção, a oposição acusa o Presidente de abrir as portas a uma corrida descontrolada aos minérios, que resultará em violência, desflorestação e degradação da biodiversidade. «O decreto do senhor Michel Temer é o mais grave crime contra a Floresta Amazónica desde 1970», acusa o senador Randolfe Rodrigues, do partido Rede Sustentabilidade, que alerta para o primeiro grande aumento na taxa anual de desflorestação da Amazónia desde 2008.
Uma das maiores preocupações dos grupos ecologistas e de proteção aos indígenas é a de que a corrida aos minérios cause uma explosão demográfica e um surto na exploração ilegal das zonas sob proteção do Governo. A Amazónia é um território gigantesco onde não existe policiamento eficaz. Tribos, inspetores e ecologistas ficam muitas vezes à mercê de empresas, agricultores e mineiros.