Há 12 anos que a organização trava uma violenta batalha em alto mar contra a caça à baleia nos mares do sul e reclama a salvação de milhares de mamíferos bem como ter trazido esta prática à atenção do mundo.
Mas o fundador do grupo revelou que os navios, que normalmente navegam a partir da Austrália, este ano ficam nos portos, e que são necessárias táticas e estratégias diferentes para impedir a caça.
“Descobrimos que o Japão está usar vigilância militar, por satélite, para saber onde estão os barcos da Sea Shepherd em tempo real, o que torna fácil evitar-nos”, diz Paul Watson em comunicado citado pela agência AFP.
O responsável diz ainda que Tóquio, pela primeira vez, tem também planos para usar este ano as forças armadas para defender os baleeiros. “A decisão que temos de tomar é gastarmos os nossos recursos limitados numa outra campanha nos mares do sul com a qual temos poucas hipóteses de intervir com sucesso ou se reagrupar com diferentes estratégias e tácticas”, considera Paul Watson.
O responsável criticou ainda os EUA, Austrália e nova Zelândia por não fazerem o suficiente para ajudar, apontando que Camberra “mina a capacidade da Sea Shepherd conseguir angariar fundos recusando-lhe o estatuto de organização de caridade”.
O Japão já tinha tentado terminar com as campanhas de caça à baleia, alegando que os ativistas da Sea Shepherd abalroam os seus barcos, prendem as hélices com cordas e atiram tinta e bombas de mau cheiro às tripulações.
Por seu lado, os ativistas dizem ser atacados com granadas de atordoamento e que os seus barcos eram sabotados.
Um responsável do ministério das pescas do Japão disse que as autoridades estavam ao corrente do anúncio da Sea Shepherd, mas que ainda é cedo para dizer para saber se a campanha vai mesmo acabar. “Há ainda outros grupos contra a caça à baleia que nos podem incomodar. Vamos continuar a acompanhar a situação de forma atenta”, acrescenta.
O Japão assinou a moratória da caça à baleia que entrou em vigor em 1986 mas explora o facto de esta permitir a caça com “objetivos científicos”. Mas ao mesmo tempo não esconde que muitas vezes as baleias acabam por ser servidas às refeições.
Em 2014-2015 Tóquio teve de suspender a caça depois do Tribunal Internacional de Justiça sentenciado que as expedições à Antártida eram caça mascarrada de investigação científica. Retomou no final de 2015 com uma meta inferior, mas ainda assim terminou o ano com mais de 300 baleias-anãs caçadas.
Há séculos que os japoneses caçam baleias e a carne destas era uma fonte fundamental de proteínas nos anos pós II Guerra Mundial, quando o país era muito pobre.
Mas o consumo tem reduzido nas últimas décadas, com cada vez mais japoneses a dizerem que nunca ou raramente comem carne de baleia.