O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra fez esta terça-feira o milésimo implante coclear, uma solução tecnológica para pessoas com surdez profunda. O programa, único no país, arrancou em 1985. Este implante, também chamado de ouvido biónico, consiste na colocação de um dispositivo eletrónico para estimular o nervo auditivo e recriar a audição. Contém um microfone que capta os sons e uma antena transmissora, que envia os sinais para a componente interna do implante, onde os sinais são convertidos em impulsos elétricos que são passados para os elétrodos instalados dentro da orelha. São estes elétrodos que enviam as informações ao cérebro, num processo que exige sempre alguma adaptação por parte dos doentes mas permite coisas tão simples como voltar a escutar a voz de familiares, ouvir música ou falar ao telefone.
Luís Filipe Silva, Diretor da Unidade Funcional de Implantes Cocleares (UFIC), revelou à agência Lusa que cerca de metade dos implantes foram aplicados em crianças, algumas com menos de um ano, com resultados "muito bons".
Cerca de 87% dos doentes implantados ao longo de 30 anos de atividade falam ao telefone e a maioria das crianças frequenta a escola regular.
"Hoje, todos os implantes, seja qual for o surdo (adulto ou criança), dão benefício. Por isso, colocar um implante deixou de ser o passo mais importante nesta área", salientou Luís Filipe Silva, que alerta para o facto de algumas intervenções estarem a ser realizadas em instituições que depois não fazem o devido acompanhamento do doente.
De acordo com o especialista, não há rejeição de equipamentos nos surdos intervencionados, embora existam algumas complicações, sendo a mais frequente de origem traumática, quando a pessoa sofre alguma pancada na zona do implante.
O CHUC é o único Centro de Referência Nacional público nos implantes cocleares, acolhendo surdos de todo o Continente e das regiões autónomas. Anualmente, aplica 80 novos implantes cocleares em doentes de todo o país, incluindo das ilhas.