O poderosíssimo furacão Harvey, transformado em tempestade tropical, não parece suficientemente saciado com a destruição que, desde a passada sexta-feira, tem levado até ao estado norte-americano do Texas, e decidiu prosseguir o seu caminho rumo a Cameron, no vizinho Louisiana.
Atrás de si, as chuvas torrenciais do Harvey transformaram um imenso território num autêntico mar, que engoliu casas, estradas e bairros inteiros, e que já tirou a vida a pelo menos 31 pessoas. Os estragos causados e a água que ainda teima em cair sobre a região do Golfo do México leva, no entanto, as autoridades a admitirem o aumento do número de vítimas mortais.
Mais de 32 mil pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas, tendo sido distribuídas por diversos centros de acolhimento espalhados pelo Texas. Este número brutal de deslocados resulta, em grande medida, da tragédia que se abateu sobre a cidade de Houston. O quarto maior centro populacional do país esteve literalmente no centro do furacão, durante vários dias, e viu pelo menos 3 mil habitações ficarem submersas pelos quase 132 centímetros de chuva – um recorde absoluto no Texas – que por ali caíram.
Para fazer face à necessidade urgente de transportar quem mais precisa para um local seguro, a Guarda Nacional tem no terreno pelo menos 24 mil homens que, em pouco mais de cinco dias, levaram a cabo cerca de 8500 operações de resgate.
À medida que se vai deslocando para fora do Texas e em direção ao Louisiana – o National Weather Service prevê que Mississippi, Kentucky e Tennessee possam ser igualmente atingidos, nos próximos dias – o Harvey tem vindo a perder força, mas o governador texano Greg Abbott mantém a tese de que “o pior ainda está para vir” e apela às pessoas para “não subestimarem a força das águas”.
Uma das medidas tomadas para manter a ordem no meio do caos, foi a da implementação de um recolher obrigatório em Houston e arredores, entre a meia-noite e as 5 horas da manhã. Abbot teme que os sinais de melhoria do estado do tempo possam levar as pessoas a tomar decisões de risco, na tentativa de recuperarem um pouco do muito que perderam, ao mesmo tempo que quer evitar eventuais pilhagens e roubos das casas abandonadas.
Donald Trump declarou estado de emergência no Texas e Louisiana, possibilitando, com esse gesto, a libertação dos fundos da Federal Emergency Management Agency, previstos para tragédias desta dimensão. Mais de 200 mil pessoas já solicitaram assistência, através da agência, mas as autoridades acreditam que o número de requerentes vai duplicar.
O presidente e a primeira-dama dos EUA deslocaram-se na terça-feira até Corpus Christi, a primeira cidade do Texas a ser atingida pela fúria do Harvey. Acompanhado pela primeira-dama, Trump elogiou a capacidade de resposta dos texanos à “épica” tempestade e garantiu que a Casa Branca vai procurar responder “da melhor forma de sempre” à tragédia.