O consumo alcoólico excessivo e prolongado, durante a fase da adolescência e da juventude, não só afeta o desenvolvimento cerebral, causando alterações visíveis no eletroencefalograma, como se traduz de forma diferente nos cérebros de homens e mulheres.
Estas conclusões são retiradas de um estudo realizado por cientistas finlandeses. "Descobrimos que há mais alterações na atividade elétrica do cérebro nos homens do que nas mulheres, [devido ao consumo excessivo continuado de bebidas alcoólicas]", avança a uma das principais autoras do estudo e investigadora, Outi Kaarre, do Hospital da Universidade de Kuopio.
Os resultados mostraram que existem alterações elétricas e químicas no cérebro, na maior parte das vezes em relação a um neurotransmissor chamado GABA, e aos seus recetores neuronais, dos quais existem dois tipos diferentes – o A e o B.
De acordo com os dados, o consumo excessivo e continuado de bebidas alcoólicas afeta os dois tipos de recetores nos homens, enquanto que nas mulheres só afeta os recetores de tipo A.
"O GABA é um neurotransmissor fundamental, que está envolvido na inibição de muitos dos sistemas e funções cerebrais e que tem um papel importante, por exemplo, nas perturbações de ansiedade e de depressão", explica a investigadora.
Os estudos, que foram feitos em animais, mostraram que o recetor GABA-A está associado a padrões de menor consumo de álcool, enquanto que o GABA-B está mais presente no processo cerebral, ligado ao desejo de beber. Portanto, os investigadores acreditam que os resultados "podem ser a porta para um possível mecanismo que explique as diferenças entre homens e mulheres".
Para a realização do estudo foram analisados 11 homens e 16 mulheres, com idades compreendidas entre os 23 e os 28 anos e com um historial de dezs ou mais anos de consumo excessivo de álcool.