As sete câmaras que confirmaram a viagem à sede da Microsoft contrataram, pelo menos, cinco milhões de euros em serviços da empresa de tecnologia norte-americana. Este valor diz respeito aos contratos firmados desde 2011, ano em que foram detetadas as primeiras viagens a Seattle a convite da empresa.
De acordo com os contratos que estão no portal Base o valor total dos contratos celebrados pelas câmaras de Famalicão (PSD), Cascais (PSD), Braga (PSD), Sintra (PS), Abrantes (PS), Sousel (PSD) e Torres Novas (PS), ultrapassa os 4,8 milhões de euros. E quase a totalidade deste valor (3.7 milhões de euros) inscrito em 34 contratos foi contratualizado pelas câmaras com a Microsoft depois de terem ido em viagem a Seattle, em 2011 ou em 2014.
Estas são algumas das conclusões do levantamento realizado pelo i, com base nos contratos publicados no portal Base, onde se vê que mais de metade (18) das contratualizações para aquisição dos serviços ou de bens móveis da Microsoft foi feita através de ajuste direto com várias empresas como a El Corte Inglés, a Iten Solutions ou a CPCIS, entre outras.
Mas este é um valor que ainda pode subir tendo em conta que nem sempre as entidades públicas cumprem a regra estabelecida na lei, não disponibilizando os contratos estebelecidos com as verbas públicas.
Além disso, o i sabe que foram largas as dezenas de autarquias que visitaram a sede da Microsoft em Seattle, durante os últimos anos, e que investiram, posteriormente, em serviços e produtos da empresa. No entanto, entre as autarquias contactadas apenas sete assumiram terem aceite o convite da empresa para a viagem.
Entre os vários contratos disponíveis constata-se ainda que é rara a aquisição direta à Microsoft de produtos e serviços. A prática das autarquias e das entidades públicas é contratualizar os produtos tecnológicos da empresa norte-americana através de outras empresas, tendo em conta que não é prática habitual da Microsoft vender diretamente os produtos.
Cascais contratou mais serviços
Entre as sete autarquias analisadas, Cascais foi a que mais investiu em contratos de serviços da Microsoft. Entre a informação disponível no Base, a autarquia tem nove contratos de serviços da empresa norte-americana num valor total de 1,5 milhões de euros sem IVA, desde 2011. Deste valor, 1,2 milhões de euros foram investidos em serviços depois de 2014, quando a autarquia visitou a sede da Microsoft em Seattle. Em causa estão cinco contratos com datas de 2015 e 2017. O contrato da Câmara de Cascais com o valor mais elevado, ultrapassando o meio milhão de euros (616.530,44 euros sem IVA), tem a data de 11 de oututro de 2016. Através deste contrato a autarquia adquiriu durante dois anos (730 dias), através do El Corte Inglés, licenciamento Microsoft para desktop, servidores e correio eletrónico.
Além destes contratos a câmara de Cascais estabeleceu este ano uma parceria com a Microsoft e a HP, o programa “Cascais +Tecnológico” que prevê a instalação de 356 novos computadores em escolas do 1.º ciclo para ser utilizados por cerca de 20 mil alunos. O investimento municipal desta medida rondou os 250 mil euros.
A seguir a Cascais, entre as sete autarquias detetadas, quem mais investiu em produtos Microsoft foi a comunidade intermunicipal do Médio Tejo, do qual fazem parte as autarquias de Torres Novas e de Abrantes. A comunidade intermunicipal Médio Tejo contratou quase um milhão de euros (955.676,56 euros) desde 2011. Já o município de Torres Novas investiu quase sete milhões em 2011, sendo o único contrato que surge no Base para produtos da Microsoft. A câmara de Abrantes pagou mais de meio milhão de euros (537,848,44 euros), sendo que os últimos contratos desta autarquia têm a data de 2015, com a duração de três anos. Nestes contratos realizados com o El Corte Inglés, a autarquia adquiriu licenças e software da Microsoft.
A terceira autarquia que surge com o maior investimento é Braga com mais de 355 mil euros, sem IVA, pagos em serviços Microsoft. O contrato de maior valor, que foi estabelecido com a CPCIS – Companhia Portuguesa de Computadores, representa quase metade do valor total investido, com 165 mil euros, sem IVA para, durante 1.095 dias a autarquia ter software Microsoft disponível. Também depois da viagem realizada a Seattle, à sede da empresa, a Microsoft estabeleceu uma parceria com a Câmara de Braga para a criação de uma incubadora de start-ups naquela cidade, com um investimento da empresa de cerca de três milhões de euros.