A hipótese caiu como uma bomba no futebol português durante a tarde de ontem: Pedro Proença estaria a considerar apresentar o pedido de demissão da presidência da Liga de clubes, estando o cenário de eleições antecipadas em cima da mesa. Tudo porque os clubes aplicaram um veto à proposta inicial de um novo regulamento, na assembleia-geral que teve lugar no Porto.
Mais tarde, porém, ficou a saber-se que o veto se transformou em… aprovação dos novos estatutos, com apenas duas abstenções. O mote para o cenário de eleições antecipadas foi uma proposta de alteração apresentada pelo Paços de Ferreira aos regulamentos defendidos pela direção: os pacenses consideravam que, no caso de o documento em questão ser aprovado, cessariam de imediato os mandatos dos órgãos da Liga, mantendo-se interinamente em funções até ao início de funções de novos membros dos órgãos sociais. Pedro Proença ainda ponderou adotar essa hipótese, mas acabou por levar novamente a votação a proposta inicial, alegando ter feito já um trabalho bom o suficiente para ter a confiança da assembleia-geral.
O entendimento generalizado dos clubes profissionais – a maioria apoiantes confessos de Proença – é o de que seria necessário legitimar estatutariamente a ação da direção do organismo. Numa segunda fase, porém, acabou por prevalecer a proposta inicial da direção da Liga, pelo que o atual elenco se manterá no exercício das suas funções até ao final do presente mandato, em 2019.
lucro aprovado por unanimidade
O tom adotado por Pedro Proença durante uma parte da assembleia-geral também contribuiu para a confusão. Eleito para o cargo a 28 de julho de 2015, o ex-árbitro agradeceu a colaboração dos clubes e do seu staff, num discurso que soou a despedida.
Isto, pouco depois de ver ser aprovado por unanimidade o Relatório e Contas relativo à época 2016-17, onde apresentou um resultado positivo de 2,5 milhões de euros. Apenas sete clubes não se manifestaram na reunião – Belenenses, Marítimo, Académica, Académico de Viseu, Nacional, Cova da Piedade, ausentes, e o Benfica, que tinha Lourenço Coelho na mesa da direção mas que não se fez representar de um delegado para votar as contas.
No fim da sessão, o presidente da mesa, Mário Costa, explicou de forma sucinta o que se passou. “O que posso afirmar é que Pedro Proença não pediu a demissão. Foi uma alteração dos estatutos para dar um voto de qualidade ao presidente da Liga. Essa proposta foi aprovada tendo em conta as boas práticas de gestão”, indicou, secundado por Susana Carneiro, diretora-executiva da Liga: “O que aconteceu foi que o presidente Pedro Proença, desprendido, chegou a dizer que se fosse essa a vontade dos clubes, estaria à disposição para deixar o cargo, sem prejuízo de voltar a candidatar-se.”