Mais de 16 mil estudantes do ensino secundário e superior manifestaram-se hoje nas ruas catalãs pelo direito a votar no referendo de independência no próximo domingo e contra a repressão do governo central de Madrid. O protesto – e ato simbólico de desobediência a Madrid – percorreu toda a Gran Vía, passou pela Plaza de Espanã e pela rua Tarragona e terminou na praça Paisos Catalans. Entre os estudantes podiam ver-se centenas de bandeiras independentistas e de coletivos políticos e estudantis e à frente uma faixa onde se podia ler "vamos esvaziar as salas de aulas. Defender o referendo".
A manifestação foi convocada pela plataforma Universitats per la República, cujo porta-voz, Jordi Vives, afirmou que foi "uma das maiores na História da Catalunha convocada por estudantes". Esta manifestação não foi a única, tendo-se, também, organizado outras em Girona, Lleida e Tarragona.
Os estudantes não marcharam sozinhos, mais de 300 bombeiros, organizados na plataforma "Bombeiros pela Independência", juntaram-se-lhes para reforçarem a sua posição de defesa do direito ao voto no referendo. No final da manifestação, cantaram juntos o hino catalão, "Els Segadors", e os primeiros aplaudiram os segundos pela sua coragem em tomarem uma posição política a favor do referendo.
Os bombeiros decidiram em assembleia apoiar o referendo e ofereceram-se para "fazerem de cordão de segurança a fim de garantir o desenvolvimento pacífico" das assembleias de voto, não deixando de criticar o governo central pelos "ataques aos direitos fundamentais levados a cabo nos últimos dias". Também impugnaram judicialmente "a ordem de serviço que limita os direitos de expressão e de manifestação" da classe, entrando em confronto com as chefias e com Madrid.
A manifestação de hoje enquadra-se numa greve geral estudantil também convocada pela plataforma Universitats per la República. Hoje, a greve geral teve uma adesão de 80 a 90% por parte dos estudantes do ensino secundário e superior, segundo dados da Secretaria das Universidades da Genelatitat. Caso discrepante foi o da Universidade de Pompeu Fabra, onde o seu reitor suspendeu todas as aulas e atividades académicas para hoje e amanhã, apoiando o protesto dos estudantes.