O presidente do governo espanhol reagiu ao início da noite ao dia de violência na Catalunha, onde centenas de pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia, dizendo que as autoridades agiram “com firmeza e serenidade” para “defender-se de um ataque sério”. Mariano Rajoy convocou também os partidos espanhóis para uma sessão extraordinária no Congresso esta segunda-feira.
“Hoje não houve um referendo de auto-determinação da Catalunha”, começou por dizer o líder espanhol, fazendo pouco caso dos episódios de violência ao longo do dia e dizendo que houve provocações do lado independentista. “Fracassou um processo que apenas serviu para semear a divisão, enfrentar os cidadãos, sublevar as ruas e provocar situações indesejadas”, disse o presidente do governo, em Madrid.
Mariano Rajoy disse igualmente que a partir desta segunda-feira será restabelecida a “ordem institucional”, depois de um referendo que, afirmou, os responsáveis em Madrid e Barcelona sabiam que não ia acontecer, era “ilegal, improcedente e impossível”. O líder espanhol reservou os elogios para a sua maioria silenciosa de catalães: “Demonstraram que são gente de lei no mais nobre sentido da expressão”, lançou.
Apesar de ter sido Madrid e as instituições espanholas a fazerem o possível para que o referendo não se realizasse, Rajoy criticou a realização desarticulada da consulta. “Uma moblização ilegal, desarticulada logisticamente e sem algum tipo de garantia”, disse o líder. “Pretender que as arbitrariedades e abusos passem por exercícios democráticos é uma burla”, afirmou, ignorando, no entanto, que a grande maioria dos catalães deseja há anos um referendo.
Rajoy voltou a carregar na promessa de diálogo com os líderes catalães, algo que vem prometendo nas últimas semanas, embora não cruze a linha vermelha independentista de prometer um referendo à auto-determinação. Para além disso, o líder prometeu voltar a fazer uso da “determinação” espanhola – “a minha principal obrigação como presidente do governo é cumprir a lei e fazê-la cumprir” – e sentenciou: “Não procurem mais culpados. Não os há.”