O novo auditório da SCML será, sem dúvida, um dos novos pontos de interesse de Lisboa. Construído no Complexo de São Roque, esta é a grande aposta da Santa Casa da Misericórdia para diversificar a cultura na capital. Para a sua construção, Pedro Santana Lopes, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, convidou o arquiteto Souto Moura para recuperar o antigo edifício de uma lavandaria que remonta a meados de 1925. Naquela época, no prédio funcionava a central que assegurava todo o tratamento das roupas dos equipamentos da Misericórdia de Lisboa, tornando-se, na verdade, na primeira lavandaria industrial em Portugal.
Este auditório, que tinha como principal objetivo revitalizar toda a parte traseira do Complexo de São Roque, ajudou a criar novos acessos e percursos no terreno que poderão ser utilizados por todos, com uma vista privilegiada para toda a capital. Por outro lado, a reabilitação do edificio da antiga lavandaria albergará serviços distintos, como uma sala multiusos, uma sala de conferências e reuniões e uma cafetaria com esplanada, um extra que já se tornou essencial para o clima mediterrânico.
Para além disso, o auditório tem uma capacidade máxima de 200 pessoas, um palco amplo e, devido às suas características de acústica e visibilidade. será o local certo para a realização de conferências, apresentações e projeções.
Como tudo começou A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem investido continuamente em várias obras de reabilitação. Inicialmente, antes de chegarmos ao novo auditório, a instituição analisou e planeou a sua intervenção nestes espaços de forma a reabilitar e preservar o património português.
Com o compromisso de preservar, valorizar e reabilitar o património, surge a ideia do projeto assinado por Souto Moura. A ideia inicial era revitalizar a zona do Complexo de São Roque, que engloba o Palácio Condes de Tomar, o Palácio de São Roque, o Museu e a Igreja de São Roque e o edifício onde funcionam os serviços da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Desde o início do seu mandato que era intenção do Provedor reabilitar a zona e, na perseguição desse objetivo, colocou o desafio ao prestigiado arquiteto Souto Moura. A ideia era preservar o património , mas ao mesmo tempo encontrar soluções que fossem rentáveis e sustentáveis para o complexo de edifícios em questão.
Assim, depois de apresentado o projeto, em março do ano passado e após a luz verde da Câmara Municipal de Lisboa, começaram as obras de reabilitação e construção.
Inspiração
Rumo ao sul, para o seu primeiro grande projeto em Lisboa, Souto Moura inspirou-se em máquinas fotográficas. “Foi-me dito que devia andar à volta dos 200 lugares”, explica o arquiteto.
Depois, aproveitou o próprio auditório para, como tantos turistas fazem perante a paisagem, capturar a vista do outro lado do vale, neste caso o Castelo de São Jorge. “Tentei incluir essa proposta no programa do meu projeto e consegui. Estamos a construir com esta vista”, explica, completando que a partir do momento “em que o auditório tem uma vista [destas] é evidente que a máquina seria uma mais valia para focalizar a paisagem”. E, além de mimetizar uma máquina, o próprio edifício acabou por assumir esses contornos.
Assim, o auditorio em betão branco procura recriar as máquinas fotográficas, permitindo criar um espaço que lembre às pessoas esse mesmo objeto. A grande ideia, no fundo, é proporcionar ao visitante a experiência de encontrar o seu próprio ângulo e uma maneira muito própria de ver a cidade de Lisboa. Já dentro do edifício. os ‘fotógrafos’ – ou seja, os visitantes – irão ver uma paisagem que vai desde a Colina de São Vicente até ao Castelo de São Jorge, dentro de uma moldura. Ou de uma lente, se preferirmos, que é o próprio edifício.
Inovar, mas respeitar o passado
Só no ano passado, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa investiu cerca de 17 milhões de euros em obras de requalificação. Estima-se que este ano sejam investidos mais 25 milhões de euros para novas reabilitações.
A instituição tem atualmente várias obras em curso. Um dos exemplos é o novo museu “Casa-Ásia ¬– Coleção Francisco Capelo”, que abrirá portas para o ano no próprio Largo Trindade Coelho.
Por possuir um vasto património imobiliário a ideia é melhorar os serviços que dispõe para a população, conseguindo responder às necessidades sociais de forma rápida e eficaz. E, claro, valorizando, sempre que possível, as opções estéticas que, em última instância, contribuem não só para a fruição estética como para escrever mais um capítulo na História. Deste caso, de Lisboa.