Os deputados europeus decidiram esta terça-feira por larga maioria que o processo do Brexit está ainda muito atrasado e não há condições para decidir já se o diálogo deve avançar para a segunda etapa.
A decisão tem de ser tomada até ao final do mês, mas Jean-Claude Juncker e os líderes das principais bancadas europeias concordaram esta terça em dizer que o processo está atrasado, as metas britânicas ainda não estão bem estabelecidas e que há muita ambiguidade no governo de Theresa May.
“Ainda não fizemos progresso suficiente”, lançou o presidente da Comissão Europeia, afirmando que “os contribuintes dos 27 Estados-membros não devem ter de pagar pela decisão britânica”.
O líder europeu disse há dias que é preciso “um milagre” para as negociações avançarem em breve. Esta terça-feira repetiu a ideia e os deputados europeus seguiram-lhe a deixa. Juncker disse num breve discurso que quer ver avanços com o documento do Brexit, os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e sobre a fronteira da Irlanda do Norte.
Na próxima semana dá-se o quinto encontro entre britânicos e europeus, mas as chances de grandes avanços parecem escassas.
“Londres é muito criativa no que diz respeito a pôr linhas vermelhas nas negociações, agradando os apoiantes do partido”, disse Manfred Weber, o líder do bloco do Partido Popular Europeu, o maior e em mais cargos de chefia. “Theresa May, não ponha o seu partido em primeiro lugar. Ponha o Reino Unido em primeiro.”
Mas a primeira-ministra britânica e o seu Partido Conservador encontram-se ocupados com disputas de alto nível e baixa intensidade.
A principal trava-se entre a própria May e Boris Johnson, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, que a cada declaração pública da primeira-ministra sobre o processo de divórcio europeu aparece anunciando o seu próprio programa, defendendo uma saída mais radical.
May, enfraquecida desde as últimas eleições e receosa de afastar o eleitorado antieuropeu, resiste por enquanto a agir contra Boris, que discursava esta terça-feira na conferência anual do partido, em Londres. “Uma vez mais este país tenta fazer uma coisa nova e diferente, e desafia os lugares-comuns com uma revolução democrática que podemos tornar numa renascença cultural, tecnológica e comercial”, lançou.
E prosseguiu: “Não somos o leão. Não dizemos ser o leão. Esse papel é das pessoas deste país”. “Deixem esse leão rugir.”