José Mourinho esteve esta terça-feira em Setúbal, a sua cidade natal e onde foi homenageado com a inauguração de uma avenida com o seu nome na zona ribeirinha. Entre vários temas, o treinador do Manchester United abordou o momento complicado por que passa o Benfica, que continua a considerar o adversário "mais forte" que terá de enfrentar na fase de grupos da Liga dos Campeões.
"Os 5-0 em Basileia não fazem mudar a minha opinião de que o Benfica é o nosso adversário mais forte na fase de grupos. Temos agora com o Benfica os dois jogos mais difíceis na fase de grupos. Pusemo-nos numa boa posição. Faltam quatro jogos. Não é um mau início do Benfica na fase de grupos que me faz mudar a abordagem a estes dois jogos. O Benfica é melhor do que o CSKA e melhor do que o Basileia", atirou o técnico luso, atribuindo grande mérito ao Marítimo pelo empate conseguido frente às águias no domingo: "Não vi a derrota do Benfica em Basileia, vi o jogo com o Marítimo e vi um jogo difícil, vi um Marítimo difícil. Vi dificuldades, dificuldades bem-vindas ao futebol português que são as dificuldades para as equipas grandes ganharem às equipas não tão grandes. Vi um jogo competitivo."
Na Premier League, o United lidera em igualdade pontual com o rival City e já com cinco pontos de avanço sobre o terceiro, o Tottenham. Ainda assim, Mourinho mantém-se sereno. "Ainda não aconteceu nada. A época passada foi muito mais difícil no começo mas acabou muito bem. Este ano começou bem mas não sabemos como vai acabar. Num outro campeonato poder-se-ia dizer que uma equipa com um começo de campeonato com sete vitórias e um empate significaria quase o título. Em Inglaterra não significa sequer que vamos acabar nos quatro primeiros", disparou.
Estas declarações aconteceram depois de Mourinho descerrar uma placa no Parque Urbano de Albarquel – a antiga Rua da Saúde chama-se agora Avenida José Mourinho, algo que causa estranheza ao treinador. "Venho a Setúbal porque amo Setúbal, venho a Setúbal porque tenho cá a minha mãe e me sinto mais perto do meu pai. Venho a Setúbal porque a minha mulher é outra setubalense não nascida em Setúbal, porque os meus filhos nunca viveram em Setúbal e amam Setúbal tanto ou mais do que eu. E porque continuo a ter cá os meus amigos e as pessoas que me tratam por Zé e que se deixam de tretas como Special One. Uma coisa sou eu, o José Mário de Setúbal, e outra coisa sou eu no futebol. Aqui ninguém me chateia. Toda a gente me deixa na minha tranquilidade. Eu em Setúbal ando a pé, vou à rua, às mesmas ruas onde ia sempre, vou ao mercado, do mercado à casa dos meus pais… Em Setúbal ando com a minha mulher e os meus filhos a pé, vou comer um gelado onde ia há 20 ou 30 anos, vou comer a restaurantes onde também ia, encontro-me com os meus amigos nos mesmos locais de sempre e as pessoas podem pedir-me, com a humildade típica de Setúbal, um autógrafo, uma fotografia, mas saúdam-me da mesma maneira de sempre. Setúbal para mim é paz, é sentir-me eu mesmo", realçou, completando: "Digo sempre que troco homenagens por vitórias: esta é se calhar a única que eu não trocava por vitórias. Honestamente é um bocadinho embaraçoso. Cresci em Setúbal, que tem a Praça do Bocage e a Avenida Luísa Todi como os dois ex-libris da cidade. Ter o nome naquela que é provavelmente a avenida mais bonita – com vista mar, vista Tróia, vista castelo – embaraça-me um bocadinho."