Outono quente e com tendência de pouca chuva prolonga e agrava seca

Ciência prevê que tendência de outubro – temperaturas mais altas que valores médios e menos precipitação – continuará nos meses seguintes.

A Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca prevê que nos próximos três meses se prolongue a tendência de pouca chuva e temperaturas altas. A seca em Portugal, considerada “gravíssima”, que já deixou 17 albufeiras em situação crítica – abaixo de 40% da capacidade – de armazenamento e fez aumentar o número de barragens sob vigilância, tenderá a agravar-se.

A comissão reuniu-se ontem e, segundo as previsões científicas, “tudo aponta para que a tendência deste mês de outubro, de menos precipitação e temperaturas mais elevadas que os valores médios, se prolongará para novembro e dezembro”.

O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, acrescentou ainda ao “DN” que as reservas subterrâneas de água no interior de Portugal estão a baixar, o que poderá criar problemas no abastecimento de água. Esta é a principal preocupação e já tinha sido objeto de medidas a serem adotadas pelas autarquias mais afetadas.

A comissão determinara que os concelhos deveriam implementar medidas de redução dos consumos urbanos de água como, por exemplo, diminuir a rega de jardins e hortas ou proibir o enchimento de piscinas, assim como fechar fontes decorativas.

No verão, quase 60% do território estava em seca severa e 0,7% em seca extrema. De acordo com o boletim meteorológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 2,6% do território estava em seca fraca e 37,8% em seca moderada no final do mês passado.
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.

O inverno já tinha sido de pouca chuva e a primavera também muito quente, seca e com uma precipitação que apenas correspondeu a 75% do valor médio histórico para estes meses do ano. Esta estação, este ano, foi a terceira mais quente desde 1931.

 

Triplo do Consumo de água

A situação de seca é ainda agravada pelo facto de, em Portugal, o consumo médio de água chegar aos 150 litros diários, sendo estes níveis de consumo ultrapassados nos meios urbanos – um número que representa o triplo daquilo que a ONU considera ser o necessário, 50 litros diários, para que no dia-a-dia uma pessoa consiga beber, fazer a sua higiene e cozinhar.

Para além disso, recordou no mês passado a associação ambientalista Zero, em 2005 foi aprovado o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA), que se ficou pelas gavetas.

O PNUEA estipulava para o período 2012-2020 limites para o desperdício de água para o setor urbano, agrícola e industrial, para redução de perdas nos sistemas de abastecimento,

Segundo a Zero, o programa preconizava 87 medidas que, no conjunto, poderiam traduzir-se numa poupança de cem milhões de metros cúbicos por ano.