O ténis foi abalado na semana passada pelo sismo Laver Cup, um torneio de exibição, realizado na O2 Arena de Praga, entre as seleções masculinas da Europa e do resto do mundo.
Numa modalidade predominantemente individual, as competições por equipas são preciosas e as oficiais raras.
Poderemos enquadrar nesta categoria o torneio olímpico, reconhecido pela Federação Internacional de Ténis (ITF), entidade que também sanciona a Taça Davis (seleções masculinas), a Fed Cup (seleções femininas) e a Taça Hopman (seleções mistas).
Estas provas não atribuem pontos para os rankings mundiais mas não deixam de serem oficiais pela chancela da ITF.
A Laver Cup não é reconhecida oficialmente pelo ATP World Tour, pela ITF, e nem sequer tem o apoio do Comité do Grand Slam. Pelo contrário, estas instituições sentem-se ultrajadas pela sua criação, sobretudo o ATP, prestes a lançar uma reformulação da antiga Taça do Mundo das Nações, numa guerra aberta com a Taça Davis.
Sejamos sinceros, a Laver Cup é uma exibição, mesmo que os jogadores digam que não a sentem como tal e apesar da maioria dos jornalistas tê-la proclamado como muito mais do que isso.
Muitas comparações têm sido feitas entre a Laver Cup e a Ryder Cup. A maioria delas correta, mas não esqueçamos que no caso do golfe a Ryder Cup foi apoiada desde os primórdios pela PGA of America e o Royal & Ancient Golf Club of Saint Andrews.
É uma diferença fundamental e julgo que os organizadores da Laver Cup – Roger Federer e o seu sócio, Tony Godsick – poderiam tentar contornar esta limitação, conseguindo um apoio oficial simbólico da União Europeia (como sucede na Ryder Cup) e jogar sob as cores da bandeira das 12 estrelas douradas.
A utilização do azul na farda europeia já foi uma boa ideia e é óbvio que o vermelho para o resto do mundo foi um conceito decalcado da formação americana da Ryder Cup.
Num momento político de desagregação do projeto europeu, a UE poderia ver com bons olhos estrelas planetárias como Federer e Nadal, quiçá para o ano Djokovic e Murray, competirem por um ideal mais federalista.
A falta de um selo oficial não impede, porém, a Laver Cup de vir a gozar no futuro do prestígio e mediatismo da Ryder Cup.
Lembro-me bem de o Masters ser chamado de exibição milionária pela maioria dos media nos anos 70, mas a revolução política operada no ténis em 1990 e a sua importância leva-o hoje a ser o mais importante torneio depois dos Majors (Nito ATP Finals no circuito masculino e BNP Paribas WTA Finals no feminino).