O presidente do Comité Olímpico do Brasil e o homem no centro dos Jogos no Rio de Janeiro, Carlos Nuzman, foi esta quinta-feira detido pela polícia federal brasileira por suspeitas de ter comprado pelo menos um voto ao Comité Olímpico Internacional, que decide onde se realiza a competição. Além de Nuzman, a polícia deteve também Leonardo Gryner, o braço direito na organização dos Jogos do Rio, em 2016.
As autoridades afirmam que os dois homens serão indiciados por “corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa”, segundo avança o diário “Folha de São Paulo”.
Há meses que Nuzman é alvo de uma operação internacional em que participam investigadores franceses e norte-americanos. No centro da investigação encontra-se uma transferência de 2 milhões de dólares ao filho de um importante membro do Comité Olímpico Internacional, o senegalês Lamine Diack, na altura presidente da Federação Internacional de Atletismo.
A transferência ocorreu três dias antes de o Comité Internacional escolher o Rio de Janeiro como cidade anfitreã dos Jogos de 2016. O dinheiro partiu do conhecido empresário brasileiro Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, entretanto a monte, fugido a um mandado de busca, e que terá agido em nome do então governo da cidade do Rio.
Em setembro, as autoridades brasileiras fizeram uma rusga à casa de Carlos Nuzman – foi então que Menezes Filho desapareceu do mapa. Na altura, o dirigente brasileiro – o único a alguma vez acumular o cargo de presidente do comité organizador e do comité do país candidato – assegurou que estava inocente e que todo o processo de candidatura ocorreu dentro da lei.
No entanto, os investigadores afirmam que há provas de uma rede de corrupção que parte do governo do então presidente da Câmara do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB, como Michel Temer), passa pelas mãos de Athur Menezes Filho, de Nuzman e de Gryner, e termina num número ainda incerto de juízes do Comité Olímpico Internacional – é que o filho do dirigente senegalês, Papa Massata Diack, pode exercer influência sobre outros responsáveis africanos no órgão internacional.
Os advogados de Nuzman queixavam-se esta quinta-feira da dureza da detenção, que envolveu 20 agentes da polícia federal, que, além das duas capturas, realizaram mandados de busca noutras localizações.