Mãe de três filhos, Daniela Costa reside em Albufeira e nos últimos três anos angariou milhares de euros com donativos de anónimos que se compadeciam com a sua luta contra o cancro. Ela não apenas simulou a doença como foi convincente, e fez várias viagens a Lisboa, exibindo as fotografias de supostos tratamentos que estaria a fazer em hospitais e no próprio Instituto Português de Oncologia. Não fazia a coisa por menos, e foi ao ponto de rapar o cabelo.
No decurso do esquema, Daniela terá alegadamente percorrido o circuito da solidariedade, estando no centro de vários espectáculos e leilões com vista a ajudar doentes oncológicos, acorria aos peditórios e assim conseguiu ser a estrela da boa vontade de muita gente. Mas se correu à frente da mentira durante três anos, na passada segunda-feira tropeçou e foi apanhada. O desfecho desta elaborada farsa deu-se depois de dar entrada no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, como noticia o “Jornal de Notícias”.
A fraude foi descoberta “por um médico da Fundação Champalimaud, na capital, que estranhou o comportamento da mulher e alertou a polícia, que a levou para o Hospital São Francisco Xavier”. Após algumas horas, deixou este hospital com um inesperado diagnóstico que de certo modo a iliba de eventuais acusações de oportunismo. Daniela Costa sofre de Síndrome de Münchhausen, um transtorno fictício, que leva as pessoas a fingirem e até a provocarem a si mesmas doenças ou traumas psicológicos.
Mas este novo diagnóstico não caiu bem entre aqueles que seguiram a novela do cancro e que agora se dão conta de que Daniela não passou de uma actriz que encarnou a fundo o seu papel. O “JN” conta que “a situação está a criar uma onda de revolta em Albufeira, onde o assunto é o tema central de todas as conversas. No Facebook foi inclusive criado um grupo, que, ao início da noite, já tinha mais de três mil membros”.
A acrescer à indignação, em Albufeira, as pessoas que acompanharam o caso mostram-se ainda mais chocadas pelo facto de, para lá da alegada burla, Daniela ter permitido que os três filhos, de 14, 8 e 7 anos, vivessem os últimos “três anos a pensar que a mãe ia morrer”.