ModaLisboa. Os desfiles que marcaram o segundo dia

No primeiro dia da edição LUZ da ModaLisboa, RICARDO PRETO fechou os desfiles, apresentando WHOLE LOTTA LOVE, uma coleção inspirada no “amor, na confiança e na liberdade em sermos nós próprios”, segundo as palavras do criador. Uma coleção de tecidos fluidos e vaporosos, em tons de vermelho, amarelo e tons de terra, RICARDO PRETO criou…

Texto de João Telmo

O segundo dia iniciou com IMAUVE, com a coleção BIRDS OF PARADISE, inspirada no filme "The Milky Road" de Emir Kusturica, numa paleta cromática dominada pelo verde azeitona, o amarelo torrado e o damasco. A coleção foi dominada por peças com elementos militares e construções retilíneas contrastadas por silhuetas mais fluídas e transparências. 

CAROLINA MACHADO apresentou RISE, inspirando-se, igualmente, num filme: "Laurence Anyways" de Xavier Dolan, com peças longas e extremamente estruturadas em azul petróleo, lilás, dourado e preto, baralhando e voltando a baralhar o universo masculino e feminino. 

Seguiu-se DAVID FERREIRA, com a coleção KARYŪKAI FATUM, que faz a amalgação dos universos da guerra e do fado. Uma coleção sumptuosa, luxuosa e incrivelmente elegante, com tecidos de cetim de seda, de tule e de crepe, o que só vem comprovar o lugar de excelência que DAVID FERREIRA tem vindo a ocupar, desembaraçadamente, na moda portuguesa. A extravagância e a singularidade do criador materializaram-se nas suas peças ajustadas e superdimensionadas, complementadas com enfeites de penas avestruz exóticas, que nos transportaram para um universo, inexoravelmente, sedutor e intrigante. DAVID FERREIRA apresentou a coleção no espaço Garden e referiu que "as peças ganharam uma outra dimensão por ser ao ar livre e acabou por ficar com um aspeto de fairy tale, que era exatamente o que eu pretendia". 

O coletivo AWAYTOMARS, apresentou 718, com os modelos expostos em cima de caixas brancas em círculo para serem admirados pelos convidados que resistiram ao sol abrasador que se fazia sentir no jardim do Pavilhão Carlos Lopes. Uma coleção marcada por silhuetas oversized, com tecidos em cetim, cores pastel e padrões que lembram aguarelas e pinceladas acidentais e imprevisíveis, que vão de encontro ao conceito de diversificação de ideias e de itinerância, cunho da marca. 

NUNO GAMA apresentou a coleção O GLOBALISTA, colocando os modelos, com maquilhagem de argila branca, em situações performáticas inesperadas, acabando as peças por ganhar uma camada ainda mais tridimensional. Os blazers, entre o opaco e o translúcido, dominaram a coleção, assim como as malhas inglesas e os bordados e o jogo entre o curto e o comprido. NUNO GAMA continua a seguir a sua linha de homem ousada e extravagante, conduzindo-nos, sempre, para o seu universo singular. 

ALEKSANDAR PROTIC, de volta à ModaLisboa, apresentou uma coleção extremamente refinada e cheia de requinte, com peças executadas de forma irrepreensível que estabelecem uma celebração sublime às formas femininas. Coleção dominada por vestidos de seda e misturas de lã, numa paleta cromática de dourados, mostarda, azeitona, nougat, bronze e preto. 

RICARDO ANDREZ apresentou-nos MACHINIST, transferindo-nos para um cosmos artificial e futurista. Nesta coleção é, extraordinariamente, inequívoco o seu crescimento enquanto criador e artista, exibindo peças que são um upgrade do seu vocabulário estético. Casacos, saias e calças oversized com padrões geométricos e tecidos metálicos em verde fluorescente e uma utilização subversiva muito engenhosa e arguta na construção das peças, que gritam zeitgeist e inserem a estética do designer numa frequência, indubitavelmente, internacional. 

CHRISTOPHE SAUVAT e DINO ALVES fecharam o segundo dia.