A economia e moeda turca pagavam esta segunda-feira o preço pelas tensões diplomáticas entre Ancara e Washington, que no fim de semana suspenderam mutuamente os serviços de atribuição de passaportes turísticos.
A crise vem-se formando há meses mas explodiu apenas na semana passada, quando a procuradoria turca deteve um funcionário (também turco) da embaixada americana.
Acusa-o, como a centenas de milhares de trabalhadores públicos, jornalistas e militares desde a tentativa falhada de golpe de Estado no verão de 2015, de pertencer à suposta rede de golpistas liderada pelo imã Fethullah Gülen – o líder religioso vive nos Estados Unidos e, na maior parte dos casos, as acusações são infundadas.
O governo americano respondeu no domingo ao suspender a atribuição de vistos de turismo e Ancara fez o mesmo passadas algumas horas, já durante a madrugada portuguesa de segunda-feira.
O efeito foi a queda da lira turca, que ao final desta tarde caía na ordem dos 3,4%. A transportadora aérea Turkish Airlines via também as ações baixarem à volta dos 9%, segundo indicava a Reuters.
Além do mais, a emissora estatal anunciou esta tarde que a procuradoria está à procura de um segundo funcionário da embaixada americana, contribuindo para a sensação de que a crise diplomática pode agravar-se.
“Esta é uma decisão do [sistema] judiciário turco”, lançou esta segunda o ministro da Justiça, Abdulhamit Gül, apelando ao regresso à normalidade com os Estados Unidos, com quem o governo está em disputa numa série de temas: Ancara, por exemplo, reaproximou-se nos últimos meses de Moscovo e opõe-se ao armamento americano de grupos armados curdos na Síria.