A mobilidade social em Portugal tem aumentado. Esta é uma das conclusões do estudo “Mobilidade Social em Portugal”, de Teresa Bago d’Uva e Marli Fernandes. A prova é que houve maior mobilidade entre os portugueses nascidos na década de 1970 do que entre os nascidos entre 1940 e 1949.
Apesar do aumento verificado, a mobilidade social entre pais e filhos em Portugal – analisada em dois aspetos, a escolaridade de pais para a escolaridade e rendimentos de filhos e a profissão de pais para a profissão e rendimentos de filhos – é menor do que na União Europeia. Contudo, o aumento da mobilidade social ao longo do tempo foi “muito maior” no país do que na União Europeia, o que resulta numa aproximação, verificada “sobretudo na mobilidade na escolaridade e na profissão”.
De acordo com o mesmo estudo, e no que diz respeito à mobilidade intrageracional nos rendimentos familiares, a principal conclusão é que os rendimentos das famílias portuguesas têm evoluído de forma muito variada. Se até 2008 os rendimentos cresceram, já em 2012 as famílias portuguesas ganharam em média menos 6% do que em 2009, uma percentagem que cresceu em 2014, ano em que tiveram menos 15% do que em 2011.
Também nos rendimentos familiares se observa o menor grau de mobilidade em Portugal quando comparado com a União Europeia: a mobilidade dos rendimentos familiares de 2004 para 2005 reduziu a desigualdade em cerca de 2,2% em Portugal e em cerca de 5,4% na Europa.
Quanto à mobilidade intrageracional nos salários individuais, há três pontos importantes a assinalar. Os salários têm crescido sempre ao longo do tempo, mas têm vindo a aumentar cada vez menos nos últimos anos: de 1986 para 1989 aumentaram, em média, cerca de 14%, enquanto de 2006 para 2009 o aumento médio foi de apenas 9%.
Ao longo do tempo, os salários das mulheres aumentaram paralelamente ao acréscimo da sua participação no mercado de trabalho, apesar de serem inferiores aos dos homens. Melhorou também a posição dos mais jovens no que aos salários diz respeito: em 1986, os mais novos encontravam-se em média em níveis mais baixos do que os mais velhos, uma diferença que “quase desaparece em 2009”, segundo se lê no estudo.
Novas Gerações
A utilização dos recursos pelas gerações atuais terá, no futuro, influência no uso que as gerações vindouras virão a fazer. A questão desdobra-se em várias dimensões, para além da ambiental: a dívida e a despesa públicas ou a segurança social e as pensões são apenas algumas das problemáticas a considerar na distribuição de recursos intergeracionais. São essas diversos aspetos que o estudo “Justiça Entre Gerações”, aliás, explora, em vários ensaios de autores de áreas distintas.
Uma ideia particularmente interessante é, por exemplo, a de Maria D’Oliveira Martins, que no seu ensaio estuda o impacto da solidariedade entre gerações à luz de duas abordagens: a primeira procura saber se as gerações presentes devem sacrificar o seu bem-estar pelas gerações futuras e a segunda quer determinar quais são as gerações presentes e futuras protegidas na Constituição: são apenas as nacionais, ou incluem-se as estrangeiras?