A estreia esta semana do filme Borg versus McEnroe, realizado por Janus Mets – mais conhecido pelo seu premiado documentário de guerra Armadillo – leva-me a interromper a análise à Laver Cup, o confronto entre as seleções da Europa e do Mundo.
Os eventos até estão ligados, pois Bjorn Borg e John McEnroe foram os capitães de equipa e não teriam seguramente sido convidados para esse cargo na primeira edição da Laver Cup, se os grandes impulsionadores desta nova competição – Roger Federer e Rafael Nadal – não se revissem naquela rivalidade que nasceu em 1978 e terminou em 1981.
Fui convidado pelo presidente da Federação Portuguesa de Ténis, Vasco Costa, para apresentar o filme na sua ante-estreia, no dia 3, no El Corte Inglês, em Lisboa, ao lado de José Vilela, cinco vezes campeão nacional e ex-selecionador nacional da Taça Davis, e de Rui Machado, quatro vezes campeão nacional e coordenador técnico nacional da FPT.
Constatei o elevado interesse que o filme despertou no meio do ténis nacional, não apenas entre a faixa etária que viveu aquele período de ouro do século passado, mas também de jovens que nem eram nascidos na altura, mas que sentem-se fascinados pela mitologia que ainda hoje rodeia os confrontos entre Borg e McEnroe.
O filme protagonizado por Sverrir Gudnason (um sósia de Borg) e por Shia LaBeouf (não tão parecido nem tão jovem como McEnroe, mas que capta bem o seu espírito rebelde) recorre à lendária final de Wimbledon de 1980 como pretexto e microcosmos da rivalidade que se transformou em admiração mútua e numa amizade que perdura.
Durante anos foi considerada a melhor final da história do ténis, até ser eventualmente destronada pela final de Wimbledon de 2008 entre Nadal e Federer.
Para mim, contudo, a rivalidade Borg-McEnroe foi ainda mais importante e mística do que a de Rafa-Roger, embora tenha havido apenas 14 duelos oficiais entre o sueco e o norte-americano, face a 37 embates entre o espanhol e o suíço.
Mais importante pelo que significou para a popularização e fundação das estruturas orgânicas do ténis, mas também de ponto de vista mais técnico e espero para a semana poder dissecar esta opinião.
É poético que a rivalidade tenha terminado com um empate de sete vitórias para cada lado e que, apesar de ter sido Borg a ganhar a tal final de Wimbledon de 1980 em cinco sets, haja ainda quem pense que foi McEnroe o vencedor, por ter-se imposto no eletrizante tie-break do quarto set, este sim, indubitavelmente, o mais famoso tie-break da história.