A atriz Rose McGowan assumiu que Harvey Weinstein a violou aos 23 anos. Na mira está também Jeff Bezos, patrão da Amazon, que alegadamente lhe terá recusado um projeto depois de ela falar sobre o produtor.
"Jeff Bezos, eu disse ao diretor do seu estúdio que o HW me violou. Disse-o várias vezes. Ele disse que não tinha sido provado. Eu disse que a prova era eu", escreveu no regresso em força ao Twitter depois de ter sido banida da rede social por ter publicado um número de telefone. A decisão do Twitter originou um boicote, agendado para esta sexta-feira, o #WomenBoycottTwitter, contra o “silenciamento das vozes de mulheres”.
McGowan contou que ter vendido um guião à Amazon, entretanto cancelado. Ao não ter resposta às queixas, diz ter tentado recuperar os direitos da obra mas, entretanto, a Amazon Studios “ligou para dizer que a minha série estava morta”.
"Peço-lhe para deixar de dar dinheiro a violadores, alegados pedófilos e abusadores sexuais. Adoro a Amazon, mas Hollywood está podre", apela McGowan a Jeff Bezos.
Rose McGowan é um dos nomes envolvidos na investigação do New York Times a alegados atos de abuso e agressão sexual pelo ex-dono da Miramax, produtora que detinha com o irmão, Bob. Devido a um acordo de confidencialidade que assinou, o caso não era explicado.
Em 1997, Weinstein chegou a acordo com a atriz e pagou-lhe 100 mil dólares. Em documento ficou escrito que o compromisso “não devia ser visto como uma admissão” de culpa, revelava o New York Times. McGowan, então com 23 anos, tinha tido um papel no filme "Gritos", da Miramax, e não prestou declarações sobre os acontecimentos na origem do acordo.
Na investigação do jornal, as actrizes Asia Argento e Lucia Evans e uma terceira mulher que não quis ser identificada denunciaram atos semelhantes. Jeff Bezos não reagiu ainda publicamente e a Amazon não comentou ainda as alegações da actriz mas as consequências já se fizeram sentir. Roy Price, vice-presidente da Amazon Studios, foi suspenso das funções após a denúncia de assédio a uma produtora.
Quem também falou sobre o caso foi Evan Rachel Wood. "Não disse o nome dos meus abusadores por várias razões. Um, sou uma só pessoa contra algumas pessoas muito poderosas. Dois, dinheiro e tempo e voltar a traumatizar-me, porque ir atrás da pessoa que abusa de nós é muito difícil", declarou em vídeo publicado no YouTube.
"É assustador passar por isso, principalmente porque corres o risco de ninguém acreditar em ti, de prejudicar a tua carreira, de ficares sem dinheiro porque custa muito dinheiro apresentar uma queixa e levar alguém a tribunal, especialmente se tudo o que tens é a tua palavra contra a deles. E, especialmente, se essas pessoas são extremamente poderosas", remata.