Andrej Babis. Um populista que ficou rico muito depressa e de forma muito duvidosa

Babis diz-se um outsider, mas é herdeiro da elite comunista que fez fortuna com a queda do regime checo

Andrej Babis gosta de se apresentar como o candidato anti-establishment. O facto é que ele próprio é um herdeiro da elite comunista que, tal como muitos outros, se aproveitou da desagregação do regime comunista para tomar conta de bens do Estado (neste caso, bens muito apetecíveis, como terrenos agrícolas) e começar a sua acumulação extensiva de capital que o tornou um dos homens mais ricos da República Checa.

Através de negócios de contornos duvidosos, conseguiu superar várias acusações de fraude financeira e, inclusive, de colaboração com a polícia política do regime comunista – uma acusação que teima em não desaparecer. E chegar à fortuna acumulada de 3,35 mil milhões de euros, de acordo com os cálculos da “Forbes”.

Não lhe bastando ter-se tornado um magnata agrícola e rei dos produtos químicos e da alimentação (através do grupo Agrofert), Babis resolveu tornar–se um grande empresário dos media, e daí até à política foi um instante. Na verdade, todas as ações parecem ter como único objetivo aumentar o património, através de tratamento diferenciado para os seus negócios e, no entretanto, conseguir imunidade perante a justiça, como na questão do colaboracionismo com a polícia política.

Babis fundou a ANO – que quer dizer “sim” em checo e é a sigla para Ação de Cidadãos Descontentes – em 2012 e tem vindo a financiá-la através de doações de empresas do universo Agrofert. De acordo com uma ONG checa citada pelo “Guardian”, entre 2012 e 2016, a ANO recebeu mais de 1,2 milhões de euros de doações de dezenas de empresas do conglomerado Agrofert. Curiosamente, essas mesmas empresas receberam qualquer coisa como 55 milhões de euros de subsídios da União Europeia.

O próprio reconhece que a ANO não é senão uma construção unipessoal: “O partido está ligado a mim. O partido sou eu.” Seguindo o exemplo de Silvio Berlusconi, Babis criou para si uma imagem de outsider perante a desacreditada elite política (mais ainda com a questão dos refugiados) que não é mais do que a extensão dos negócios para outras áreas que só aparentemente são marginais àquilo que é a sua atividade de empresário. Além de Berlusconi, Babis partilha com outro milionário tornado político, Donald Trump, a ideia de que todas as acusações, todos os processos em tribunal, todos aqueles que o criticam fazem parte de uma enorme conspiração que o tem como alvo.

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