Quando teve uma gastroenterite, Rodrigo teve de ficar a soro no hospital. Umas horas depois, a enfermeira apareceu com um ice tea e um pacote de bolachas Maria, achando que faria as alegrias de qualquer criança de seis anos. Não foi o caso. Rodrigo, depois de olhar para o lanche, surpreendeu com o pedido: “Não me pode trazer antes uma maçãzinha?”
Apesar de na escola ter uma alimentação igual à dos colegas, em casa não entram açúcares refinados, cereais ou laticínios. Daí que o chá gelado de pacote e bolacha Maria não entrem no conceito de lanche de Rodrigo.
As regras de uma alimentação saudável foram impostas pela mãe, Ana, que mudou de hábitos para perder os 26 quilos que ganhou na gravidez. Rapidamente perceberia que o paleo vai muito além do ponteiro que mexe na balança. “É óbvio que a perda de peso é aliciante, mas sinto-me melhor a todos os níveis”, garante.
Para a mudança, optou pela vertente radical. “Foi como deixar de fumar. Para mim, tal como não funcionou reduzir o número de cigarros, também com a comida tive de cortar de vez”, explica. Assim, o pão com manteiga e a meia de leite, o duo sagrado de todas as manhãs, passou a dar lugar a um prato de ovos, com frango ou salmão e fruta. O resto do dia é feito de carne, peixe, moluscos, muitos vegetais e fruta, frutos secos. Também há lugar para panquecas e bolos, desde que não incluam açúcar e farinhas refinadas.
As regras Sem procurar ajuda profissional, Ana pesquisou o mais que pôde e leu todos os livros disponíveis, inclusive aquele que é considerado uma espécie de bíblia para quem quer seguir este tipo de dieta. O nome é simples – “A Dieta do Paleolítico” -, até porque, quando surgiu, foi o primeiro a descomplicar este termo que, inicialmente, não convenceu toda a gente. Afinal, não é fácil provar que, depois de tanta evolução, o segredo está na origem. Mas Loren Cordain, considerado o pai da dieta paleo, conseguiu.
No livro, publicado em Portugal em 2015, o investigador na área da nutrição começa por desmistificar o que é óbvio, mas que às vezes pode induzir em erro: “Esta não é apenas mais uma dieta com baixo teor de hidratos de carbono.” Depois de uma intensa pesquisa, o investigador sente-se seguro para garantir que, em termos de fisiologia humana básica, pouco mudou em 40 mil anos e que, por isso, “os nossos genes estão aptos para um mundo em que todos os alimentos ingeridos tenham sido caçados, pescados ou apanhados em ambiente natural”.
Para o bem e para o mal, já não estamos na Pré-História e não saímos todas as manhãs para caçar o almoço. Mas basta uma viagem no tempo para perceber que os povos do Paleolítico não punham sal na comida, não comiam laticínios, quase nunca comiam cereais, o consumo de hidratos era à base de verduras e o único açúcar refinado que consumiam era o mel.
“A dieta do Paleolítico é mais do que uma influência do passado”, lembra Loren, antes que os leitores desistam logo nas primeiras páginas com esta lista de restrições. E refere: “É a solução para uma perda de peso rápida, controlo eficaz do peso e, acima de tudo, saúde para a vida inteira.” Comprado!
As regras do paleolítico:
Alimentos permitidos
• Carne
• Peixe
• Ovos
• Frutos secos
• Fruta
• Gordura natural: manteiga, azeite, óleo de coco
Alimentos proibidos
• Açúcares processados, o que equivale a cortar com refrigerantes, chocolates, cereais de pequeno- -almoço, bolachas e gelados
• Margarina
• Cereais: pão, aveia, milho, trigo e arroz
• Laticínios
• Leguminosas
• Alimentos com sal: charcutaria, azeitonas, frutos secos com sal, peixe e carne fumados, ketchup, queijo
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