O principal jornal da oposição ao regime de Vladimir Putin, o "Novaya Gazeta", vai passar a dar treino e armas não letais aos seus jornalistas. Nos últimos tempos tem-se assistido a uma espiral de violência contra os críticos do regime, sendo que o caso mais recente foi o esfaqueamento de uma jornalista, Tatyana Felgenhauer, no pescoço nos escritórios da rádio Ekho Moskvy. O agressor afirmou que a profissional estava a "segui-lo" na sua cabeça.
"Se o Estado não está preparado para nos proteger, então vamo-nos proteger a nós próprios", disse Sergei Sokolov, editor-adjunto do "Novaya Gazeta". "Quando os jornalistas se encontram indefesos perante a ilegalidade das ruas e da indisciplina das agências de aplicação da lei, não existe outra maneira", explicou.
Dmitry Muratov, diretor do "Novaya Gazeta", anunciou que alguns jornalistas e funcionários receberão treino em armas de borracha para usarem em auto-defesa. Contudo, se forem disparadas para o peito (coração) e cabeça as balas de borrachas podem ser mortais.
"Vou armar a redação", afirmou Muratov num programa da rádio Ekho Moskvy. "Também vamos dar aos jornalistas outros meios para se protegerem dos quais não quero falar agora".
Contudo, a regulação do porte e uso de armas na Rússia é restrito e, portanto, o jornal irá "concluir um acordo oficial com o ministério do Interior russo", anunciou. O editor foi ainda contatado pela AFP para fornecer mais detalhes sobre as suas afirmações, mas recusou por razões de segurança. "Os nossos especialistas em segurança pediram-me para me refrear nos comentários antes de tomarmos os devidos passos", disse.
Nas últimas duas décadas vários jornalistas da "Novaya Gazeta" foram mortos por assassinos contratados, incluindo a jornalista de investigação Anna Politkovskaya, brutalmente baleada à porta do seu apartamento em Moscovo.
Um porta-voz do presidente Vladimir Putin disse hoje não ver razões para providenciar medidas de segurança extra aos jornalistas.