José Mourinho conseguiu três troféus na primeira época ao comando do Manchester United (Supertaça, Taça da Liga e Liga Europa) e está a protagonizar um bom início na segunda temporada, mas nem por isso se tem livrado de críticas. A mais recorrente prende-se com o estilo de jogo praticado pelos red devils e considerado por muitos como "pouco atrativo", mas também a relação de Mourinho com a imprensa e os próprios adeptos do clube tem merecido reparos.
Esta quinta-feira, na antevisão ao embate de domingo com o Chelsea, em Stamford Bridge, o técnico português voltou a lançar uma indireta aos críticos. "Algumas exibições de outros clubes são mágicas, são exemplos de táticas brilhantes e atitudes espetaculares dos jogadores, enquanto para outras equipas as exibições tornam-se conservadoras, são negativas… Apenas um exemplo: o Tottenham bateu o Liverpool por 4-1; o Tottenham ganhou ao Real Madrid por 3-1; o Tottenham não marcou ao United. Ao menos dêem-nos algum crédito, os meus jogadores merecem", reclamou.
Palavras que surgem já depois de Roy Keane, lenda do clube e hoje comentador, ter pedido a Mourinho para "calar a boca e continuar o seu trabalho". "Mourinho parece estar distraído com os críticos. Ganha, provavelmente, oito ou nove milhões de libras por ano. Que se concentre no seu trabalho. Deve ser melhor do que isto, mas parece ficar facilmente magoado. Que cale a boca e continue o seu trabalho, está a ser muito bem pago por isso", disparou o antigo médio do United. Também um grupo de adeptos do clube, os Manchester United Supporters' Trust (MUST), convidou Mourinho para um debate sobre as suas preocupações relativas ao ambiente em Old Trafford.
A declaração mais curiosa de Mourinho neste dia, porém, chega de uma entrevista dada ao jornal francês "L'Équipe". Já depois de se considerar um treinador "versátil, múltiplo e com uma metodologia simples, mas forte", o Special One revelou ter um desejo impossível de concretizar: o de poder treinar uma equipa que tivesse estado nos cinco anos anteriores… nas suas mãos. "Esse seria o plano perfeito, mas não existe. Gostava de ter chegado ao Real Madrid apenas no momento em que o deixei. E gostaria de pegar no Manchester United apenas no momento em que decidir sair. Porquê? Para treinar uma equipa herdada do Mourinho. Um sonho", disparou, arrumando assim a questão: "Eu sou um construtor: um pedreiro do futebol."