Épocas houve em que foi o Porto o epicentro das situações mais graves. Em dezembro de 2007, a Polícia Judiciária levou a cabo uma operação – ‘Noite Branca’ – que, além da apreensão de elevadas quantidades de droga e de um vasto arsenal de armas, resultou na detenção de oito pessoas, entre as quais Bruno Pinto, mais conhecido como Bruno ‘Pidá’, o líder dos seguranças do chamado ‘grupo da Ribeira’ – condenado em 2010 a 23 anos de prisão. A ‘Operação Noite Branca’ surgiu no seguimento de seis homicídios resultantes de ajustes de contas entre gangues rivais, que lutavam pelo monopólio da noite do Porto.
Em 2013, sete seguranças foram detidos, acusados de dezenas de agressões nas zonas de bares do Porto e da Maia. No mesmo ano, Hélder Piedade Dias dos Santos, filho do presidente da Assembleia Nacional de Angola, foi espancado por seis seguranças à porta da discoteca Eskada, também no Porto. No grupo estavam elementos presentes na ‘Noite Branca’, todos eles funcionários da SPDE, a empresa que, além de ter a segurança do Estádio do Dragão, monopoliza a movida no Porto e é propriedade de Eduardo Silva – um dos 15 detidos no âmbito da Operação Fénix, acusado de «associação criminosa, coação, extorsão e ofensas à integridade física».
Em Lisboa, uma das zonas onde mais se assiste a este triste fenómeno é a denominada ‘Rua Cor-de-Rosa’, no Cais do Sodré – e também aí a SPDE já está estabelecida, tendo contrato com a maioria dos espaços noturnos da zona. Em 2015, um vídeo divulgado nas redes sociais, de teor muito semelhante ao do Urban, gerou uma onda de indignação e revolta.
O agressor pertencia à empresa Cosmos, tal como os sete seguranças que haviam espancado quatro turistas marroquinos no verão anterior. Desde abril deste ano, 13 seguranças de bares daquela zona estão a ser julgados em Lisboa, acusados de dezenas de crimes de ofensa à integridade física e detenção de arma proibida num período compreendido entre 2009 e 2011. O problema é que situações destas são quase diárias.