Já em 2009 tinha aglutinado o movimento de José Sá Fernandes (chamado Lisboa é Muita Gente) e em 2013 o movimento de Helena Roseta (Cidadãos por Lisboa).
Nestas últimas eleições autárquicas, o PS apresentou-se coligado com o movimento de Sá Fernandes, com o movimento de Roseta, com o Partido Livre, e mesmo assim cometeu a proeza de perder três vereadores e a maioria absoluta.
Apesar do ar triunfante de Medina na noite eleitoral, este homem perdeu e muito.
Nos últimos anos, a situação em Lisboa mudou bastante.
Por um lado, a capital fervilha agora com o turismo que faz a economia mexer, cria riqueza e postos de trabalho. Fizeram-se muitas obras, sobretudo de fachada, que alteraram o rosto da cidade.
Por outro lado, o executivo das esquerdas, em particular no último mandato, vendeu 500 milhões de euros de património municipal, aumentou muito os impostos e taxas (até criou algumas ilegais) e endividou-se: as obras que estão à vista foram feitas com o dinheiro que a Câmara pediu emprestado ao Banco Europeu de Investimento.
Finalmente, Medina fez finca-pé da Carris e tornou a vida dos automobilistas num inferno.
Com tudo isto, como se disse, o candidato socialista perdeu a maioria e três vereadores – enquanto o CDS elegeu quatro, o PSD dois, o PCP outros dois e o Bloco de Esquerda um.
Perante este quadro, o PS, já de si coligado com outros três partidos e movimentos, viu-se na contingência de negociar. A negociação foi tentada com vários partidos políticos mas recaiu naturalmente sobre o Bloco de Esquerda: Ricardo Robles será o nono vereador em Lisboa, seguindo o caminho da anexação, tal como o fizeram José Sá Fernandes e Helena Roseta.
Serão agora nove vereadores para cinco forças políticas de esquerda. Vai ser cada cabeça sua sentença, com cada um a puxar para o seu lado. Lisboa e os lisboetas vão sofrer muitíssimo com estes jogos de poder e cedências, que pagaremos todos com língua de palmo.
Este cenário confere ao CDS uma enorme vantagem.
É a segunda força política na vereação, tem uma líder – Assunção Cristas – que se afirmou nestas autárquicas, e tem um grupo homogéneo, coeso, forte e unido de quatro vereadores. Não é preciso ser bruxo para adivinhar que Cristas tem todas as condições, mais a motivação, para arrancar o mandato já como líder incontestada da oposição.
A situação do PSD em Lisboa é, ao invés, muito difícil. A candidata Teresa Leal Coelho teve um mau resultado eleitoral e já afirmou que pretende exercer o cargo. Mas está objetivamente numa posição fraca para se afirmar, e com ela o PSD.
Se deixarem Assunção Cristas impor-se como oposição em Lisboa, já ninguém a agarra…
sofiarocha@sol.pt