O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) publicou hoje mais um capítulo sobre os dinheiros em contas de offshores, envolvendo os maiores empresários do mundo, chefes de Estado e figuras políticas e de entretenimento mundiais.
As informações deste novo escândalo provêm de mais de 13 milhões de documentos que expõem o meio ambiente global em que os mais ricos contornam os regimes fiscais nacionais e internacionais para depositarem as suas fortunas em paraísos fiscais, demonstrando a teia complexa usada.
Os documentos foram obtidos pelo jornal alemão "Süddeutsche Zeitung e partilhados com o ICIJ, que incluem o "The Guardian", a BBC e o "New York Times". A fuga de informação terá partido de um escritório de advogados sediado nas Bermudas, o Appleby.
O escândalo expõe, por exemplo, os negócios do responsável de angariação de fundos do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e os investimentos em imobiliário da rainha Isabel II de Inglaterra, mas também ligações entre a Rússia e o secretário do Comércio da administração norte-americana de Donald Trump.
No caso de Isabel II, os documentos revelam que os seus gestores pessoais terão investido milhões de euros por meio de um fundo no paraíso fiscal das Ilhas Caimão desde 2007.
Outro envolvido é Wilbur Ross, secretário do Comércio dos Estados Unidos, que detém uma participação numa empresa naval de mercadorias que, por sua vez, tem ligações a uma empresa russa do qual o genro e um oligarca próximo de Vladimir Putin, presidente da Rússia, detêm a maioria do capital social. A empresa foi, inclusive, alvo de sanções pelo Departamento do Tesouro norte-americano. O secretário do comércio dos EUA abdicou das suas participações noutras empresas, mas manteve a que tinha nesta.
Esta ligação é particularmente sensível se se tiver em conta as acusações de ligação entre a Rússia de Vladimir Putin e a administração de Trump, bem como as investigações que decorrem atualmente nos Estados Unidos e que na semana passada deram origem à detenção de elementos próximos a Trump.
Atente-se que há dois anos, os "Panama Papers" revelaram-se esquemas similares de altas figuras de Estados e de famosos para fugirem aos impostos, colocando as suas fortunas em contas offshore.