Numa operação anti-corrupção relâmpago, as forças policiais sauditas deteram ontem 11 príncipes, quatro ministros e dúzias de ex-ministros. A ordem partiu do príncipe herdeiro do trono saudita, Mohammed bin Salman, em mais uma movimentação para consolidar o seu poder e estatuto de único e exclusivo herdeiro do trono, o que, segundo avançam analistas, pode ser encarado como uma purga.
Um dos detidos foi o príncipe bilionário Alwaleed bin Talar, com conhecidos investimentos no Twitter e na Apple e um dos homens mais ricos do mundo com um fortuna pessoal calculada em 17 mil milhões de dólares (14 mil milhões de euros), segundo a revista norte-americana "Forbes".
Ao mesmo tempo, o rei Salman substituiu os chefes da Guarda Nacional, príncipe Miteb bin Abdullah, e da Marinha, almirante Abdullah bin Sultun bin Mohammed Al-Sultan. Nenhuma explicação foi dada pelo rei. O príncipe Miteb foi outrora encarado como um dos principais sucessores ao trono, sendo também um dos últimos membros do ramo Abdullah da família real.
Alguns dos detidos encontram-se presos no hotel Ritz-Carlton na zona diplomática de Ríade, a capital da Arábia Saudita, segundo a Reuters.
O comité anti-corrupção tem poderes para emitir mandados de procura e detenção e proibições de viagem.
O procurador-geral saudita, o xeque Saud al-Mojeb, disse que o estatuto dos detidos não irá influenciar "a firme e justa aplicação da justiça", segundo a AFP.
O príncipe herdeiro
O príncipe Mohammed bin Salman era um desconhecido para o mundo até o seu pai, Salman bin Abdulaziz Al Saud, ter assumido o trono em 2015, após a morte do rei Abdullah. Contudo, desde esse momento que o saudita de 32 anos se tem transformado numa das figuras mais influentes do reino saudita.
No ano passado, Mohammed apresentou uma série de planos para transformar social e economicamente a Arábia Saudita, fortemente dependente da exportação de petróleo para o mercado mundial. Recentemente, afirmou publicamente que o retorno ao "Islão moderado" é essencial para os seus planos de modernização da Arábia Saudita e que desejava "erradicar os resquícios do extremismo".