O governo já anunciou apoios para as autarquias mais afetadas pelos incêndios e pela seca severa. No entanto, o valor previsto para este apoio não é suficiente. As autarquias ainda não assinaram o contrato e já esgotaram esse valor.
É o caso de Viseu, para onde foi canalizada “uma linha de 250 mil euros” e que, mesmo antes de assinar o contrato, “o dinheiro já está esgotado”, alertou ao i o presidente da autarquia, Almeida Henriques.
O que mais preocupa a autarquia é o facto de a barragem de Fragilde, que fornece cerca de 80% de água ao concelho de Viseu, 100% a Mangualde e Nelas e apenas 10% a Penalva do Castelo, estar “num nível criticamente baixo”, comprometendo o abastecimento de água para a população.
A barragem tem “360 mil metros cúbicos de água e as nossas necessidades, neste momento, andam em cerca de 17 mil metros cúbicos de água por dia, o que significa que a barragem tem praticamente água para 20 e poucos dias”, explicou o autarca.
Para conseguir combater este problema e garantir o abastecimento de água às populações, as câmaras municipais de Viseu e de Mangualde têm alimentado os postos de abastecimento com camiões-cisterna e têm ainda comprado água a várias entidades. “Nós estamos a comprar água às Águas de Portugal, através das Águas do Norte, e estamos a comprar também ao Planalto Beirão”, referiu Almeida Henriques.
No entanto, estes custos, que não estavam previstos no orçamento, são bastante elevados e os fundos do governo não chegam para solucionar o problema. Só nos últimos dez dias, a Câmara Municipal de Viseu já “gastou cerca de 200 mil euros nestas operações”.
“Isto é uma situação de emergência. Precisamos de uma ajuda por parte do governo para suportar os custos excecionais, que não estavam nos nossos orçamentos e em que efetivamente estamos a incorrer”, explicou o presidente.
A autarquia tem mantido um diálogo permanente com o secretário de Estado do ministro do Ambiente e já solicitou uma reunião com o ministro para falarem sobre a situação e tentarem arranjar estratégias para combater a escassez de água no concelho. “Pedimos uma reunião ao senhor ministro do Ambiente para fazer agora um ponto de situação, porque vamos ter de tomar mais medidas de abastecimento”, sublinhou. O autarca acredita que a reunião irá acontecer já no início da próxima semana, visto a situação ser urgente.
Viseu está atualmente a fazer 112 cargas de água por dia que “representam 3300 metros cúbicos de água”, por meio de 27 camiões-cisterna que contratou através de um concurso.
A escassez de água e a seca severa provêm da falta de chuva e do calor extremo que o país viveu durante o verão e parte do outono.
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o mês passado ficou registado como o mais quente dos últimos 87 anos, com o valor médio da temperatura cerca de 3 graus Celsius acima do valor normal. Os valores da temperatura máxima e mínima, em outubro, também atingiram valores recorde e o nível de precipitação foi bastante baixo, levando a um agravamento severo da seca que o país já estava a viver.
No entanto, não se veem melhorias para os próximos dias. O IPMA não prevê a ocorrência de chuva durante as próximas duas semanas e a partir do dia 27 deste mês poderá haver precipitação, mas as previsões ainda são muito incertas.