Ao contrário de Gavin Williamson – o outro novo ministro de May –, Penny Mordaunt não votou pela permanência na União Europeia nem tem falta de experiência executiva.
A deputada conservadora já fora secretária de Estado das Pensões e secretária de Estado das Forças Armadas (a primeira mulher no cargo) antes de tomar ontem posse como ministra da Internacionalização (International Development).
Na sua página oficial descreve-se como “democrata”, “artista”, “velejadora” (está na reserva da Marinha Real), “adoradora de gatos” e deputada que “adora a liberdade e, provavelmente, a si também”. A atitude mais desinibida não é novidade. Em 2014, deputada pelo Partido Conservador, mãe e com 41 anos de idade, participou num reality show denominado “Splash!”, que avaliava os melhores mergulhos para uma piscina, doando depois os ganhos da sua participação para caridade. O facto de ter experiência como voluntária em ação social é mais-valia no currículo político. Antes de estudar Filosofia na universidade foi assistente de um ilusionista. O voluntariado após terminar o curso foi feito na Roménia. Viria depois a liderar a juventude partidária dos conservadores.
Ainda em 2014, a revista “The Spectator” nomeou-a melhor parlamentar da legislatura. Ontem substituiu Priti Patel na pasta da Internacionalização, depois de esta se demitir em consequência de um encontro oficioso com entidades israelitas. Foi a segunda remodelação no executivo de Theresa May em dias (ver página 18), depois de Michael Fallon ter dado lugar a Gavin Williamson em consequência de alegações de comportamento inapropriado com uma jornalista.
Williamson, que foi visto como uma entrada equilibradora no gabinete de Theresa May, por ter sido educado por trabalhistas e ser pró-União Europeia, contrasta assim com Penny Mordaunt. A deputada fez campanha ativa pelo Brexit, incluindo no controverso autocarro que prometia milhões para o Serviço Nacional de Saúde (que não chegaram a aparecer), tendo até sido desmentida pelo primeiro-ministro de então, David Cameron, durante o referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE. Mordaunt afirmou na televisão que o país era incapaz de vetar a entrada da Turquia na União Europeia e Cameron retificou depois que qualquer Estado-membro pode vetar a entrada de um novo. “É um facto”, sublinhou o PM, que fazia campanha pelo outro lado da barricada de Mordaunt. E era mesmo.