Theresa May já tinha deixado em aberto a hipótese de oferecer a Westminster a possibilidade de ter uma palavra a dizer sobre o acordo final entre o governo e Bruxelas, referente ao abandono britânico da União Europeia. Esta segunda-feira, essa sugestão transformou-se em certeza.
Numa sessão de esclarecimentos sobre os resultados da sexta ronda de negociações entre o executivo e os representantes da UE, na Câmara dos Comuns, David Davis revelou que o acordo será alvo de um debate e de uma votação com caráter vinculativo no parlamento britânico. “O acordo só se aplicará se o parlamento o aprovar”, garantiu o ‘ministro do Brexit’.
O gesto foi entendido pela maioria dos analistas políticos britânicos como uma forma de a primeira-ministra agradar aos conservadores pró-europeus e ao Partido Trabalhista, insatisfeitos com a falta de pormenorização da estratégia do governo. “Esta decisão é uma enorme concessão aos tories rebeldes e aos deputados do Labour que estavam a ameaçar votar contra o governo, devido à sua recusa em prometer uma série de novas leis”, escreveu a editora de política da BBC, Laura Kuenssberg.
Davis lembrou, ainda assim, que uma eventual rejeição do acordo não resultaria numa marcha-atrás do processo de saída. O líder da equipa de negociações com Bruxelas fez questão de reforçar que o plano do governo é abandonar a UE no dia 29 de março, pelas 23 horas, conforme anunciou May na passada sexta-feira.
A promessa da votação final do acordo nos Comuns e na Câmara dos Lordes, surge um dia depois de Michel Barnier ter admitido a possibilidade de um colapso nas discussões sobre o Brexit. “Temos todos de fazer planos para isso, Estados-membros e empresas incluídos”, defendeu o representantes da União nas discussões, numa entrevista ao “Journal du Dimanche”.
MPs will get a binding vote on the final #Brexit deal says @DavidDavisMP. Watch his statement on EU exit negotiations pic.twitter.com/6xC7jgIqYl
— House of Commons (@HouseofCommons) November 13, 2017