E o impensável aconteceu: Itália está fora do Mundial. Um dos países mais titulados na mais importante prova internacional de seleções (quatro títulos mundiais, tantos como a Alemanha) vai ver o próximo Campeonato do Mundo pela televisão, depois de não ter sido capaz de marcar um único golo em dois jogos frente à Suécia: à derrota por 1-0 em Estocolmo, na primeira mão, juntou-se um penoso 0-0 ontem em Milão.
Esta Suécia, refira-se, é uma equipa aguerrida, mas sem qualquer centelha de talento. Longe vão os tempos da armada composta por Brolin, Dahlin, Kennet Andersson e Larsson, com os incansáveis ex-benfiquistas Schwarz e Thern a limpar tudo no meio-campo e o seguríssimo Ravelli na baliza. Sem Ibrahimovic, os suecos vivem de vontade… e pouco mais. Também têm as suas belas páginas escritas na história dos Mundiais (vice-campeões em 1958, terceiros classificados em 1950 e 1994 e quartos em 1938), é verdade, mas neste Mundial não se esperam façanhas de semelhante valia. A não ser… que haja Zlatan: se o avançado do Manchester United voltar com a palavra atrás e aceitar representar o seu país na Rússia, aí sim, vai valer a pena ver a Suécia em competição.
O aviso estava dado depois da primeira mão (1-0). Apenas quatro minutos após entrar, Jakob Johansson, um rapaz que joga com os portugueses Hélder Lopes e André Simões no AEK de Atenas, da Grécia, beneficiou de um ressalto para bater Buffon – já tem uma boa história para contar aos netos. Esta Itália, refira-se, também anda longe das grandes equipas do passado – mas nas fases finais, tenha os jogadores que tiver, é sempre uma das maiores candidatas à vitória final. É quase uma questão mística.
Desta vez, contudo, não houve encanto que resistisse. Os italianos fizeram 24 remates!!!, contra quatro suecos, mas apenas seis deles foram à baliza à guarda de Olsen. E quase nenhum com verdadeiro perigo. A mítica squadra azzurra, que só havia falhado duas edições (1930 e 1958), está fora do Mundial – e assim se despede também um dos melhores guarda-redes da história: Buffon.
A Suécia juntou-se assim a Croácia e Suíça, as outras seleções europeias que conseguiram superar a sempre incómoda barreira dos play-off. Os suíços foram os primeiros: após vencer na Irlanda do Norte, com um golo muito polémico – o penálti que deu a vitória resultou de um erro grosseiro do árbitro -, a seleção que tantas dores de cabeça deu a Portugal durante toda a fase de apuramento garantiu o bilhete para a Rússia com um 0-0 caseiro. No fim do qual, refira-se, o benfiquista Seferovic recebeu um valente coro de assobios dos próprios adeptos, depois de desperdiçar várias ocasiões para faturar.
Já os croatas não quiseram esperar para depois e resolveram a eliminatória logo na primeira mão, com um 4-1 que não deixou dúvidas sobre qual a seleção que merecia estar na Rússia. No segundo jogo, a Grécia ainda tentou assustar, mas não mostrou capacidade para tal. O 0-0 final assim o indica.
Resta o Irlanda-Dinamarca desta noite para fechar as contas europeias. Depois, sobram os play-off intercontinentais: Austrália-Honduras e Peru-Nova Zelândia (ambos ficaram 0-0 na primeira mão).