Turismo do Douro com números recorde mas ainda vários problemas

Crescimento em vários níveis com destaque para o setor fluvial, que perspetiva mais de um milhão de passageiros. Formação, marketing e promoção ainda são deficiências.

Portugal está preparado para ter o melhor ano de sempre no setor do turismo e o Douro não é exceção. Há cada vez mais visitantes pelo Douro e o crescimento é notório a todos os níveis, desde a restauração ao alojamento. Exemplo é o turismo fluvial no Douro onde, este ano, se perspetiva um milhão de passageiros nas embarcações que navegam o rio. O autocaravanismo é outra modalidade na qual a região está a dar cartas.

A Via Navegável do Douro (VND), de Barca de Alva até ao Porto, atrai cada vez mais turistas que optam por viajar em pequenas embarcações, cruzeiros de um dia ou barcos-hotéis.

No ano passado, cruzaram o Douro 863 043 turistas distribuídos por 85 embarcações de 47 operadores. Neste momento operam na via navegável 60 operadores com 147 embarcações, 20 das quais barcos-hotéis.

“Acho que o turismo fluvial serviu para impulsionar o outro tipo de turismo”, resume Fernando Seara, diretor do Museu do Douro, no Peso da Régua. Muitos visitantes chegam ao Douro de barco, mas há cada vez mais a viajar de carro, comboio ou bicicleta. As autocaravanas estão também em destaque.

A Régua possui um parque de estacionamento para autocaravanas que, segundo o presidente da autarquia, é “um sucesso”.

Construído junto ao rio Douro há cerca de três anos, tem aumentado os espaços disponíveis. Apesar de pago, o estacionamento “está regularmente cheio” e segundo José Manuel Gonçalves “é uma referência a nível europeu para a rede do autocaravanismo”. “Este é um setor com enorme potencial. Esta é uma aposta ganha para a região”, diz.

 

Sazonalidade a diminuir

Os autocaravanistas, de vários países europeus, têm um elevado poder de compra e efetivamente compram e consomem na cidade e daqui partem para visitar outros locais do Douro. O tempo de permanência ronda os três dias.

Outra das caraterísticas deste ano turístico na região é a diminuição da sazonalidade . “Os grupos e a procura já se diluem mais no tempo. Podemos dizer que a época baixa já não é tão grande. A sazonalidade está a diminuir notoriamente”, revela José António Fernandes, da Associação de Empresários de Hotelaria e Turismo do Douro, também citado pela agência Lusa.

Apesar de um ano turístico positivo, o responsável considera que a região ainda “não atingiu o ponto bom”. “Ainda falta fazer muita coisa a nível, por exemplo, da formação, não temos cozinheiros nem pasteleiros suficientes, e também do marketing e da promoção”, diz José António Fernandes.

Este tipo de deficiências não é exclusivo da região. Vários outros pontos padecem de problemas similares num país que até ao final do ano deverá receber mais de 21 milhões de turistas, o que compara com os 19,1 milhões do ano passado.

 Segundo as contas da secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, o objetivo é crescer 10% em relação a 2016 e, neste momento, o número está a crescer acima da meta estabelecida na Estratégia Turismo 2027, na qual tinha sido definido um crescimento anual de 8%. O turismo representa 7% do produto interno bruto (PIB) de Portugal.