A Wikileaks e o filho de Donald Trump trocaram mensagens privadas através do Twitter durante a campanha presidencial de 2016. A revista norte-americana The Atlantic revelou documentação que foi entregue pelos advogados de Donald Trump Jr. a investigadores do Congresso que lideram um inquérito às suspeitas de ingerência russa nas eleições de novembro do ano passado.
Entre outras revelações, a troca de mensagens revela que foi o Wikileaks a pedir a Trump Jr. que divulgasse o trabalho do site e fez várias solicitações, incluindo a de que o agora presidente dos Estados Unidos sugerisse à Austrália a nomeação de Julian Assange para o cargo de embaixador australiano em Washington. "Em relação ao sr. Assange: Obama/Clinton colocaram pressão sobre a Suécia, o Reino Unido e a Austrália (o seu país natal) para perseguir ilegalmente o sr. Assange. Seria muito fácil e útil se o seu pai sugerisse à Austrália a nomeação de Assange como embaixador em Washington”, lê-se numa das mensagens agora reveladas.
Até Julho deste ano, foram enviadas diversas mensagens. Algumas ignoradas por Trump Jr.
Quando o site enviou uma mensagem a informar que tinha “acabado de publicar os emails do Podesta parte 4” — relativos aos emails roubados ao chefe de campanha de Hillary Clinton — Trump Jr. ignorou, mas pouco depois escreveu um tweet queixando-se de “muito pouco levantamento pelos media desonestos da incrível informação providenciada pelo Wikileaks. Tão desonesto! Sistema fraudulento”. Dois dias depois, partilhou o link do Wikileaks com o correio eletrónico da candidata democrata.
A partir daqui, Donald Trump Jr. ignorou todas as mensagens, que incluíam pedidos para consultar as declarações fiscais do pai. A troca de mensagens com o Wikileaks foi entretanto divulgada pelo filho do presidente norte-americano na sua conta de Twitter.
Julian Assange, fundador do Wikileaks, está desde 2012 exilado na embaixada do Equador em Londres e é procurado judicialmente nos Estados Unidos por divulgação ilícita de milhares de documentos da diplomacia e das Forças Armadas dos Estados Unidos que se encontravam protegidos por segredo de Estado ou segredo militar.