Chegou a altura do ano em que as crianças começam a andar de pingo no nariz, com febres e mal-estar. Com mais azar os sintomas passam à família inteira.
O bom tempo está a ir embora e com ele a escola ao ar livre, os passeios e as férias das viroses. Os sítios fechados propiciam a propagação de vírus e as escolas em que as crianças passam o tempo em cima umas das outras, partilham comida e espirram para cima de todos, são o paraíso deste tipo de bicharada.
Nas casas com muitas crianças há alturas do ano que se podem tornar verdadeiros tormentos. Cá em casa, no ano passado passámos o outono e inverno incólumes, mas na primavera, desde que os mais novos apanharam varicela, que ficámos quase dois meses em ciclos ininterruptos de viroses. Começava num, passava por todos, vinha outra, voltava ao primeiro e assim sucessivamente. A nossa casa refletia e reunia o que se passava nas escolas.
Mas as viroses são só viroses e vão como vêm. Embora quando surgem sejam o cabo dos trabalhos porque os pais têm de faltar ao emprego ou andar com os mais pequenos a caminho de casa dos avós – para quem não tem ninguém em casa durante o dia –, dormem menos, passam o tempo a caminho da farmácia e sempre de termómetro na mão, passados poucos dias tudo regressa ao normal.
E é engraçado ver como até doentes as crianças são fantásticas! Quando estão com um bocadinho de febre ficam amorosas, calminhas, ternurentas. Mal se lhes consegue baixar a febre arrebitam imediatamente, como as flores quando são regadas, e voltam à desinquietação, brincadeira e risada do costume. Parecem curadas! Pelo menos por umas horas. Confesso que às vezes sinto-me tentada a deixá-los mais um bocadinho assim, sossegadinhos, com um piquinho de febre…
Mas se há pais que encaram as viroses como convidado habitual lá de casa e já têm na farmácia da cozinha ou da casa de banho tudo pronto para as receber, há outros que estranham sempre que elas batem à porta. Correm assustados com os desgraçados dos filhos para as urgências dos hospitais pejadas dos filhos dos outros também carregadinhos de sofisticadas viroses. Já devíamos saber que os hospitais não são sítio para quem está doente. Muito menos para crianças. Porque os hospitais são por definição um cocktail de vírus prontos a atacar e as crianças ficam mais suscetíveis de apanhar doenças mais sérias. Além de poderem agravar o seu estado de saúde enchem as urgências e aumentam o tempo de espera para os casos verdadeiramente complicados. Claro que os pais não têm de se sentir inseguros ou desapoiados. Acima de tudo deve imperar o bom senso e há também pediatras que disponibilizam o seu contacto e linhas de saúde que funcionam muito bem.
Embora haja quem acredite que as vitaminas podem ajudar no combate aos bicharocos e as farmácias se encham de frasquinhos com abelhas e meninos a fazer músculos, segundo os médicos estas não passam de tranquilizantes para os pais acharem que os filhos ficam mais protegidos. Todavia, uma boa alimentação, sonos em dia e hábitos de higiene bem enraizados poderão ajudar a que este ano a bicheza fique do lado de fora e não se aproxime das nossas crianças.