A dívida externa portuguesa, medida pela Posição de Investimento internacional (PII), subiu mais de seis mil milhões de euros entre dezembro de 2016 e setembro deste ano. No final daquele mês o PII de Portugal estava em -200,3 mil milhões de euros, o equivalente a -105,2% do produto interno bruto (PIB).
A PII é a medida mais ampla das responsabilidades externas do país, contemplando a totalidade dos ativos e passivos de residentes face ao exterior – de dívida a investimento direto passando por títulos como ações e obrigações e derivados.
Uma nota de informação estatística do Banco de Portugal (BdP) divulgada ontem, revela que a descida da PII se deveu, “em grande medida, a variações de preço (de -6,2 mil milhões de euros), nomeadamente à valorização dos títulos de dívida pública e das ações de empresas portuguesas detidas por não residentes, que resultaram num aumento do valor dos passivos emitidos por residentes”.
O BdP salienta ainda que as variações cambiais, “sobretudo a apreciação do euro face ao dólar”, contribuiram para a redução da PII em -1,9 mil milhões de euros. Em sentido contrário, as transacções contribuiram 2,4 mil milhões de euros.
O mesmo documento assinala também que a dívida externa líquida, apesar de em termos nominais ter subido 500 milhões de euros, no final de setembro, caiu em percentagem do PIB para 92,3%, valor que compara com os 94,5% do final de 2016.
“A dívida externa líquida de Portugal, que resulta da Posição de Investimento Internacional, excluindo, fundamentalmente, os instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros, atingiu, no final de setembro, 175,6 mil milhões de euros”, revela o banco central.
A instituição liderada por Carlos Costa explica ainda que o agravamento, em termos nominais, resulta da “valorização da dívida pública portuguesa”. Só que em percentagem do PIB há uma melhoria na sequência do aumento do PIB, que “mais do que compensou o aumento nominal da dívida”.
Mais importações Para além da dívida externa líquida, as contas com o exterior voltaram a registar um excedente nos nove primeiros meses do ano.
O BdP explica que o “aumento do excedente da balança de serviços, em 1531 milhões de euros, foi insuficiente para compensar o incremento do défice da balança de bens de 1983 milhões de euros”, isto porque as importações aumentaram mais do que as exportações. “Até setembro de 2017, a balança de bens e serviços registou um excedente de 3245 milhões de euros, menos 453 milhões de euros do que no período homólogo”, diz a nota estatística da instituição.
As exportações cresceram 11,5% (10,5% nos bens e 13,4% nos serviços) e as importações 13,2% (13,5% nos bens e 11,7% nos serviços).
Mas ao contrário do trimestre anterior, o contributo do turismo foi menor. “O excedente aumentou 1,47 mil milhões de euros, fixando-se em 8,31 mil milhões”, revela o BdP.