Falhadas as negociações entre a União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), a União Social-Cristã (CSU) – “irmã” da CDU na Baviera – os Verdes e o Partido Liberal Democrata (FDP), no passado domingo, com vista à formação de um governo “Jamaica” – assim denominado pelas semelhanças entre a combinação das cores dos partidos e a bandeira daquele país caribenho – Angela Merkel vira-se novamente para o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), para ultrapassar o bloqueio político.
Martin Schulz já rejeitou por mais do que uma ocasião a disponibilidade do segundo maior partido alemão para repetir a “grande coligação” CDU/SPD – a última ‘nega’ foi dada na segunda-feira, após confirmado o insucesso das conversas entre democratas-cristãos, liberais e ecologistas –, mas esta quinta-feira voltam a vir a lume novos pedidos de reconsideração.
“A maior economia da Europa não se pode apresentar como um ‘anão político’. Gostaríamos que os atuais partidos da coligação governamental pudessem trabalhar juntos de novo”, apelou Volker Kauder, líder da bancada parlamentar da CDU no Bundestag, em entrevista ao “Suedwest Presse”
Apelo semelhante deverá ser oficializado pelo presidente Frank-Walter Steinmeier, e apresentado como uma solução de “interesse nacional”, quando se reunir com Schulz, esta quinta-feira, em Berlim. De acordo com a imprensa alemã, o antigo deputado e ministro do SPD, agora na presidência, vai instar o líder dos sociais-democratas encetar negociações de governo com Merkel e com isso desbloquear uma situação nunca vista na Alemanha.
A braços com o pior resultado alguma vez alcançado pelo SPD, no pós-guerra, nas eleições federais do passado mês de setembro – com apenas 20,5% dos votos –, e depois de quatro anos de governo com a CDU, o líder social-democrata e antigo presidente do Parlamento Europeu defende que os eleitores chumbaram esta solução nas urnas, e pretende, por isso, fazer uma oposição forte ao governo, para recuperar a notoriedade do partido.
Os restantes cenários em cima da mesa são uma nova tentativa de negociações entre CDU, FDP e Verdes, a constituição de um governo minoritário liderado por Merkel e apoiado pelos ecologistas, ou a convocação de novas eleições. Tudo cenários pouco apetecíveis para a ainda chanceler e inéditos num país que sempre foi 'casado' com a estabilidade.