Esta crónica esteve escrita para celebrar o 25 Novembro, Dia da Libertação do regime que o Partido Comunista quis implantar, logo a seguir à Revolução de Abril. Sabemos hoje o que foi o legado da Revolução de Outubro: uma sociedade ‘livre’ na miséria e ‘igualitária’ nas mortes na Sibéria. Era esse ‘ideal’ de sociedade que, às ordens de Moscovo, o PCP tentou importar para Portugal, na linha do que já tinha acontecido em todo o Leste da Europa.
O 25 de Novembro começou por ser um golpe do PCP, que soçobrou por ter tido pela frente o Grupo dos 9, a firmeza de Eanes e os tanques de Jaime Neves.
Diz-se que o país esteve à beira da guerra civil e que o perigo só foi afastado quando Álvaro Cunhal recebeu ordens do PCUS para mudar de flanco. Acredito! O que é irrefutável é que a escalada de terror só parou porque Mário Soares recusou o papel de Kerensky, Carlucci ajudou e Kissinger desistiu da tese da ‘vacina’.
Gente bem informada fala de uma partilha entre Moscovo e Washington: petróleo e diamantes de Angola para a URSS, Portugal para a Europa e a órbita da NATO. Enquanto isso, o PCP exigia os saneamentos, que levaram aos salários em atraso e às falências. Seria mais fácil captar militantes entre o povo revoltado, e arregimentar ‘descamisados’ para manifs onde se gritava: «Assim se vê a força do pêcê!».
Hoje, temos a ‘geringonça’, mas um dos pés já está manco: foi o PCP que assinou, mas é a CGTP que dita o rumo. Para citar O’Neil, «é uma coisa em forma de assim!». Agora, o pessoal vai à Festa do Avante! por causa dos concertos, navega na net, sabe o que é o mundo e recusa os ‘amanhãs que cantam’ de uma cassete obsoleta.
De sucursal para o mundo do trabalho, a Intersindical passou a patrão dos comunistas. Quem manda não é Jerónimo mas Arménio – e é Arménio que dá a partida aos autocarros das manifs, enquanto Jerónimo faz de Pai Natal.
O PS não está melhor. A cumplicidade do PCP e do Bloco era doce, mas durou pouco. Vieram as autárquicas, o PCP averbou uma derrota estrondosa e o povo comunista gritou: ‘Haverá Sangue!’.
O pretexto foi o Orçamento. Em cima das negociações para a reposição de regalias, os sindicatos dos professores decretaram uma greve e o país parou. No Ministério da Educação encenou-se um braço-de-ferro que acabou, não com um acordo, mas com um ‘compromisso’ – seja isso o que for.
Mário Nogueira saiu sorridente e ficou tudo explicado: o PS ajoelhou. E o mal é ajoelhar a primeira vez… A CGTP celebrou a vitória com uma ‘grandiosa manifestação’ onde se gritou: «Aumentos para todos!». Tudo tristemente parecido com 1975.
A ‘geringonça’? Essa acabou na semana passada. As facturas começam a chegar, e as contas não são pequenas. Não há almoços grátis!
Do alto do seu palanque, Catarina sorri e finge que não é nada com ela, enquanto vai afiando as garras. António Costa descobriu que… ‘quem se deita com gatos, amanhece arranhado’. Agora, o povo espera para ver se o ‘hábil negociador’ – que nos quis convencer que ‘as vacas voam’ – é capaz de desatar o nó cego com que os sócios o estão a manietar.