Sérgio Conceição não considera o clássico desta sexta-feira, entre o FC Porto e o Benfica, como decisivo para as contas do campeonato. Ainda assim, o treinador dos dragões admite que uma vitória da sua equipa pode ser importante para deixar as águias mais longe. "O jogo é importante, mas à 13ª jornada penso que está longe de estar decidida alguma coisa. Não é decisivo. É muito importante, são três pontos que nós ganhamos e três pontos que o adversário não ganha. Costuma-se dizer que estes confrontos diretos são jogos de seis pontos. Estou de acordo. Que seja decisivo para o desfecho do campeonato, não acredito, não acho", asseverou, garantindo que o empate na Vila das Aves, na última jornada, não abalou de forma nenhuma a confiança da equipa: " Temos de estar conscientes do que não fizemos contra o Desportivo das Aves que nos permitiria ter um resultado diferente. Perdemos dois pontos. O jogo foi todo dissecado e analisado. Empatar para nós é perder, não digo isso para ficar bem na fotografia. Podíamos ter feito mais. Não podemos dissociar a fase ofensiva da defensiva. No último jogo estivemos mal com bola e por isso é que o Desportivo das Aves chegou muitas vezes à nossa baliza, estávamos desequilibrados. Houve também uma ou outra situação decisiva nesse jogo. Temos de olhar para o que fizemos de menos bom. Tivemos uma semana para retificar algumas coisas que fizemos mal."
Salientando não querer falar de nada "extra-retângulo", Sérgio Conceição referiu ter uma ideia praticamente definida de como o Benfica se irá apresentar no Dragão. Em relação à sua equipa, só pede "um FC Porto igual ao que foi durante os últimos quatro meses, à exceção do jogo na Vila das Aves". "O jogo contra o Besiktas foi extraordinário, bem conseguido em termos estratégicos. Quase perfeito. O jogo na Vila das Aves foi menos conseguido, mas já identificámos o que não fizemos ou fizemos menos bem. Espero uma equipa agressiva, com intensidade, com vontade de chegar à baliza, de forma inteligente. Não podemos controlar o que vai ser o Benfica, aquilo que vai ser a sua postura. Temos é de saber aquilo que nós temos de fazer no jogo. É partindo desse princípio que preparámos o jogo. Estamos preparados para aquilo que possa fazer o Benfica, mas principalmente focados naquilo que vai ser a nossa equipa, naquilo que nós queremos fazer para ganhar o jogo. Preparámos o que pensamos que o rival vai apresentar. O Benfica mudou, pode jogar em 4x4x2 ou 4x3x3 e tenho de estar preparado e ao mesmo tempo preparar a equipa para isso. Presumo saber a 99 por cento como eles vão atuar", afirmou o treinador portista. Questionado sobre qual a exibição que, se pudesse, escolheria para reproduzir de forma integral frente aos encarnados, o antigo internacional português relembrou o triunfo sobre os alemães do RB Leipzig (3-1) para a Liga dos Campeões: "Sem bola fizemos o melhor jogo da época frente a uma equipa muito complicada. Em termos estratégicos e táticos o jogo com o RB Leipzig foi perfeito, na minha opinião. Mas recordo-me de vários jogos em casa, sobretudo na fase de criação, em que a equipa foi verdadeiramente espetacular."
Habitualmente assertivo na abordagem aos assuntos, Sérgio Conceição foi desta feita mais diplomático quando instado a apontar um favorito para este encontro. "Nos dérbis e nos clássicos, é muito difícil dizer quem é o favorito. Se calhar, o favoritismo cai sempre para a equipa que joga em casa, porque tem o apoio dos adeptos, o nosso público tem muita importância no que é ser o 12º jogador, mas acho que não há favoritos. Cada jogo tem a sua própria história. Não gosto de olhar muito para o que são os dados históricos e a estatística.Temos de lembrar-nos daquilo que é o nosso clube, que é grandioso, que tem ganho muito ao longo destes anos, quer a nível interno, quer a nível internacional. Isso é que tem de estar nas nossas cabeças. Agora, olhar para o histórico entre as duas equipas… Acho que não é por aí, sinceramente", frisou, assumindo ser este um jogo com características especiais: "A dificuldade está em encontrar formas de passar uma mensagem para os jogadores em jogos contra adversários teoricamente mais acessíveis. Para mim, a sensação de defrontar o Benfica é a mesma de defrontar outra equipa qualquer. Preparo a equipa para defrontar uma equipa que é rival do FC Porto, uma equipa que tem lutado, a par do Sporting, pelo título nacional, que vem de um resultado positivo e motivador. A mim, faz-me lembrar o primeiro jogo oficial pelo FC Porto. É sempre uma boa sensação e há uma responsabilidade e uma vontade enorme de ganhar. A preparação é sempre feita da mesma foram, tendo em conta alguma nuance em função do adversário. Não há nada que desperte em mim um prazer maior ou menor em tirar pontos a um rival direto."
Por último, questões sobre a equipa. Particularmente sobre a possibilidade de José Sá e Bruno Varela poderem realizar o primeiro clássico das respetivas carreiras. Mais uma vez, o treinador dos dragões não revelou se vai de facto manter a aposta no guardião luso, mas voltou a deixar bem explícito que não olha a idades ou estatutos na escolha dos titulares. "Olho para os jogadores e a altura, a cor do cabelo, a religião, a nacionalidade, é tudo pouco importante. Há jovens que apresentam uma maturidade acima de alguns com mais idade. Existem outros que são mais velhos e não são tão maduros. Um profissional é um profissional de futebol, ponto. Os guarda-redes do Benfica são jovens com qualidade, por isso é que estão no Benfica, e os nossos também. Não quero individualizar", referiu Sérgio Conceição, manifestando-se satisfeito pelas recuperações de Marega, Soares e Otávio: "Ter todos os avançados à disposição é ótimo. Aliás, tirando o Corona, que foi expulso nas Aves, está toda a gente disponível e isso é bom. Conto com todos, estão todos a trabalhar bem. Jogar com mais um médio ou avançado, não é por aí que vamos ser mais ou menos ofensivos. Isso é falar de futebol mas íamos perder muito tempo. Se quiserem ir almoçar comigo, posso-vos explicar isso (risos)."