Se Espanha era o adversário mais indesejado do pote 2, o mesmo não se pode dizer de Marrocos, equipa proveniente do pote 4 e que calhou em sorte esta sexta-feira a Portugal. Em teoria, o conjunto magrebino será um adversário acessível para a Seleção nacional, não se tratando sequer de uma potência no seu continente (África). Esta será a primeira participação de Marrocos num Mundial em 20 anos, quinta no total.
Será preciso, ainda assim, ter algumas cautelas, até porque a seleção marroquina deixou para trás, no apuramento, a super-favorita Costa do Marfim, cometendo mesmo a proeza de não sofrer qualquer golo em seis jogos – já se percebe assim que a defesa dos Leões do Atlas será difícil de transpor. Benatia, central da Juventus, é o capitão e a principal figura de uma equipa que conta ainda com os irreverentes Carcela (ex-Benfica), Amrabat, Boussoufa, Boufal, Ziyech… e Taarabt, que passou pelo Benfica com os resultados que se conhecem. O selecionador, Hervé Renard, é conhecido em África como o Feiticeiro Branco, pelos excelentes trabalhos que tem feito ao serviço de várias seleções no continente: já venceu a Taça das Nações Africanas por Zâmbia e Costa do Marfim, cometendo agora a proeza de levar Marrocos ao Mundial. "Estamos num grande grupo. Vamos enfrentar os campeões da Europa em título, com a sua grande estrela Cristiano Ronaldo, e depois a equipa de Espanha, que todos queriam evitar neste pote 2. Mas não nos vamos satisfazer com uma participação, vamos com determinação e confiança nas nossas possibilidades, mesmo que isso pareça difícil para muitos. Não vamos lá para fazer turismo", prometeu o treinador francês.
Em toda a sua história, Portugal só defrontou os marroquinos numa ocasião: no célebre Mundial 86, no México, onde se deu o famigerado "caso Saltillo". A Seleção nacional já tinha vencido Inglaterra e era amplamente favorita para o jogo que fechava o grupo, mas a instabilidade interna que se gerou no seio da comitiva portuguesa conduziu a uma derrota com a Polónia (0-1) e outra impensável frente a Marrocos: 1-3 – num encontro onde os próprios marroquinos chegaram a pedir calma aos portugueses e a lembrar que o empate bastava às duas equipas… Assim, os Infantes caíram sem honra nem glória logo na fase de grupos. naquela que era apenas a segunda participação de Portugal em Mundiais, depois do brilharete na estreia, em 1966.
O resumo do encontro no México 86: