A líder do órgão anticorrupção sul-africano anunciou esta segunda-feira que à volta de 18,5 milhões de euros em fundos públicos destinados a remodelar escolas e hospitais foram desviados para o funeral de Nelson Mandela, há quatro anos, no qual serviram para comprar produtos de merchandising como t-shirts, por exemplo.
As primeiras denúncias surgiram dias depois do funeral de Mandela, em dezembro de 2013, e o relatório divulgado esta segunda-feira é o resultado de uma investigação conduzida pela provedora da justiça, Busi Mkhwebane. Mkhwebane pede agora ao presidente Jacob Zuma que inicie uma investigação especial aos desvios.
O relatório afirma que 300 milhões de rand – 18,5 milhões de euros – que estavam destinados a gastos públicos como “sanitização, a substituição de escolas de lata e a remodelação de hospitais” foram usados no funeral. A investigação de Mkhwebane diz também que muitos políticos da região do Cabo Leste ficaram com um quinhão dos fundos.
Parte do desvio de dinheiro aconteceu, segundo a provedora, aproveitando-se do caos que se assentou naqueles dias sobre a África do Sul e a falta de vistoria ao financiamento do funeral do seu antigo líder e Nobel da Paz. Mas Mkhwebane, segundo a BBC, aponta também o dedo ao ANC, o partido do poder, que instigou gastos com a cerimónia.
“É muito preocupante que usemos um funeral para fazer coisas desta natureza”, disse a provedora numa conferência de imprensa, dizendo que há muitas faturas de serviços e bens que nunca foram entregues. “Há faturas com o nome do ANC no cabeçalho”, prosseguiu Mkhwebane. “Temos esperança que quem cometeu estes atos responda agora por eles.”